O documentário “Lixo Extraordinário” ao retratar a realidade dos catadores do aterro do Jardim Gramacho tornou publico que a questão dos resíduos sólidos ainda é um problema grave no Brasil. Nesse âmbito, embora as consequências ambientais e sociais sejam graves, os diferentes agentes que poderiam contribuir para a solução do problema, tem se omitido diante de sua responsabilidade. Portanto, a discussão dessa temática é pertinente para promover mudanças nesse cenário. Em primeiro lugar, cabe apontar que no âmbito individual, a parcela de responsabilidade que agrava o problema está intimamente ligada com o aumento do consumo na sociedade. Assim dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística demonstram que o Brasil produz anualmente 62.730.096 toneladas de lixo urbano. Todo esse volume de resíduos é resultante da ampliação dos hábitos de consumo e da crescente descartabilidade dos produtos consumidos que são destinados em sua maioria aos lixões irregulares. Além disso, o Estado ao não prover a destinação adequada para esses resíduos, assume a sua parcela de responsabilidade na destruição do meio ambiente. Um exemplo disso é que a Lei Federal de 2010 da Política Nacional de Resíduos Sólidos não é cumprida na maioria dos municípios brasileiros. Nesse sentido, dados do Relatório divulgado pelo Governo Federal evidenciam que aproximadamente 60,7% dos gestores municipais ainda não eliminaram os lixões a céu aberto, fazendo a substituição necessária para aterros sanitários os quais são ecologicamente mais viáveis por não contaminarem o lençol freático. Dessa forma, percebe-se que a resolução da questão dos resíduos urbanos está pautada no compartilhamento de responsabilidades de diferentes setores da sociedade. Assim em nível individual as pessoas poderão adotar práticas de consumo consciente. Para tanto, a escolha de produtos que possuam maior durabilidade e maiores possibilidades de reciclagem e reutilização já minimiza os efeitos colaterais oriundos do descarte. Ademais é necessária maior rigidez e subsídios do Governo Federal para que as prefeituras se adequem ao que preconiza a Lei de Resíduos Sólidos. Portanto, a responsabilidade social compartilhada colocada em prática poderá evitar que cenas como as do documentário do Jardim Gramacho continuem se repetindo em nosso país nos próximos anos.