Em virtude do processo de consolidação do capitalismo e da sociedade de consumo, fez-se inerente à contemporaneidade o constante acúmulo e posterior descarte de produtos e serviços. Todavia, tal postura do corpo civil é maléfica ao meio ambiente, uma vez que as deficitárias políticas públicas de gestão de resíduos urbanos e de instrução do todo civil culminam na poluição e degradação dos recursos naturais. Dessa forma, são necessárias, assim como na biologia, ações mutualísticas da coletividade e do Estado que visem a contenção desses malefícios e o desenvolvimento de uma sociedade mais sustentável. Imerso nesse âmbito, um dos adventos da globalização correlacionado ao exponencial crescimento do acumulo de lixo é a obsolescência programada – estratégia empresarial que diminui a durabilidade de determinado produto, motivando o consumidor a adquirir um novo modelo. Desse modo, toneladas de itens industrializados altamente nocivos ao meio ambiente são descartados diariamente na natureza. Assim sendo, é essencial uma maior responsabilidade social da população, visto que em decorrência da demanda imposta pelo consumismo exacerbado, existe uma tendência de constante expansão do fluxo de produção, a qual ocasionará uma hipertrofia de resíduos nas grandes cidades. Ademais, o poder público, enquanto instituição de regulação, fiscalização e de desenvolvimento de políticas públicas, tem demonstrado-se ineficiente, no que tange à gestão dos resíduos, já que consoante aos dados da pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), mais de 40% de todo o lixo produzido no país tem como destino final os lixões, logo não recebem tratamento e coleta seletiva adequada – medidas redutoras de impactos ambientais. De mesmo modo, o escasso número de iniciativas estatais de orientação à sociedade quanto a premência de um consumo consciente e responsável para a preservação dos recursos naturais é uma das causas da perduração do consumismo. “Um galo sozinho não tece a manhã / ele precisará sempre de outros galos”. Nesse contexto, assim como no poema Tecendo o Amanhã, de João Cabral de Melo Neto, é evidente a interdependência quanto a responsabilidade social entre as ações estatais e coletivas para o desenvolvimento de uma sociedade sustentável. Destarte, é de incumbência do Estado do planejamento e posterior execução de políticas de fiscalizações municipais referentes ao devido descarte dos lixos urbanos, bem como a isenção fiscal para empresas que reaproveitem e reciclem grande parte de seus resíduos. Outrossim, faz-se necessário a instrução do corpo civil sobre o consumismo a importância da preservação da natureza, por meio de campanhas midiáticas e palestras em âmbito escolar. Por fim, é de encargo do todo social de controlar o consumo compulsório, constante coleta seletiva domiciliar e do uso racional dos recursos hídricos e energéticos.