Título da redação:

Os efeitos do desenvolvimento econômico sobre a produção de lixo no Brasil

Tema de redação: A relação entre a responsabilidade social e os resíduos urbanos no Brasil

Redação enviada em 12/03/2016

O período denominado “anos 2000” foi uma década muito próspera para a economia brasileira. As políticas econômicas adotadas pelo governo, como: a redução da taxa de juros, a redução do IPI, a instituição/aumento dos benefícios sociais, a exemplo, do bolsa família, aliadas ao crescimento da atividade empresarial/financeira proporcionada pela estabilidade monetária assim como a favorável conjuntura econômica internacional resultaram em um expressivo aumento dos índices brasileiros de consumo. Resultando, inevitavelmente, no incremento da quantidade de lixo pela população descartada. Segundo dados coletados pela ALBREPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), a quantidade de lixo gerado pela população brasileira aumentou 29% enquanto a própria população cresceu apenas 6%. Esse crescimento desproporcional entre lixo produzido e população pode ser explicado pelas, anteriormente citadas, mudanças no cenário econômico. O aumento da atividade financeira e a diminuição dos índices de desigualdade social elevaram o poder de compra dos trabalhadores e permitiram que parte do povo, antes excluído do jogo econômico, passasse a consumir produtos e serviços diversos. Diante desses fatos, infere-se, portanto, que o aumento do lixo produzido se deve mais aos consumidores já existentes do que aos novos de forma propriamente dita. A multiplicação na quantidade de resíduos sólidos evidenciou ainda mais questões importantes para a sociedade brasileira: como se livrar do lixo, os impactos ambientais decorrentes de seu descarte, a tentativa de equilíbrio entre a redução do consumo e o desenvolvimento econômico. Nesse sentido, a criação da Lei dos Resíduos Sólidos – no 12.305/2010 foi uma importante conquista por parte da sociedade para garantir um fim apropriado aos dejetos produzidos. Essa lei institui a todos os agentes da cadeia produtiva como fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e cidadãos a responsabilidade sobre os resíduos produzidos e/ou consumidos, objetivando a redução na geração de resíduos sólidos, dando incentivo às atividades de reciclagem/reutilização e criando metas para planejar, de forma mais adequada, o descarte do lixo. Não obstante, mais importante do que a existência da lei em si, é garantir que a mesma seja cumprida, para isso é essencial que a população se sinta responsável pelos resíduos por ela produzidos e que tenha a responsabilidade e o desejo de garantir um fim pertinente a eles. Nesse contexto, é necessário intensificar as já existentes campanhas de conscientização ambiental por parte do governo, com a finalidade de incentivar os indivíduos a terem um maior contato com seu lixo e a noção de que seu compromisso com ele não acaba quando o mesmo é recolhido pelo poder público e sim quando é devidamente degradado ou reutilizado. Desta maneira, é possível aliar consumo e conservação do ambiente, que garante um crescimento sustentável e benéfico, de modo a estabelecer o Brasil como referência global no planejamento e na administração de resíduos urbano-industriais e incentivar outros países, sobretudo, os emergentes a desenvolverem, também, políticas de controle ambiental e social sobre o lixo.