Com o Poema "O Bicho", Manoel Bandeira já alertava que o lixo colocava homens em situações miseráveis de vida a volta de uma imensidão formada pelos detritos. A lei 12.305, propõe a redução da geração dos Resíduos Sólidos Urbanos, que, no artigo 13 item I, são definidos como: os originários de atividades domésticas em residências e os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana. Logo, os seres humanos são diretamente ligados a tais, tendo o dever de cuidar e zelar por uma sociedade sustentável, um ambiente limpo e saudável para todo e a integridade dos seus. No entanto, a prática da responsabilidade social vem sendo ofuscada pela atração a cerca do lucro e do consumismo, refletindo na comodidade diante de um sistema precário de coleta e tratamento dos resíduos urbanos no Brasil. No atual contexto de uma sociedade capitalista e globalizada, lucro e consumo são termos que recebem muita atenção em conversas informais e reuniões empresariais e, logo dificultam a prática da Responsabilidade Social. Para uma empresa em funcionamento, os conceitos do sistema econômico passam a ser um alvo e, ao ter que tomar medidas que requerem uma aplicação de verba para uma ação de contribuição social ou ambiental, há uma rejeição. Quando se trata de consumo, as pessoas são cada vez mais induzidas a compra que, por muitas vezes, acaba acontecendo sem necessidade, e gera uma maior quantidade de lixo. Um exemplo é o poema concreto de Augusto de Campos, Luxo/Lixo, que relaciona a forma como o consumo exagerado e desnecessário em busca do luxo, gera quantidades absurdas de lixo. No Brasil, não há a cultura de reciclagem ou um bom programa de tratamento do lixo, o que começa com a maneira como ele sai das casas. Desse ponto, parte dos resíduos passam pelo chão, em sacos pouco resistentes que são facilmente destruídos por animais, tornando-os propensos a contaminação e, por tanto, uma transmissão de sujeira e outros possíveis problemas pelas ruas. Após a coleta ser realizada, a maioria do material é levado para lixões à céu aberto, em áreas afastadas dos centros da cidade, tornando o lugar um grande foco para proliferação e contágio de doenças, o que afeta, além do meio ambiente, a população que moram aos arredores desses lugares. É o caso da Ilha das Flores, região próxima à Porto Alegre (RS), onde grandes quantidades de lixo são depositas por dia. O documentário de mesmo nome, produzido por Mônica Schmeidt, retoma a ideia de Manoel Bandeira e mostra a realidade das pessoas que vivem ali e que fazem de restos míseros, sua alimentação e necessidades básicas. Nota-se que resolução das questões relacionada a responsabilidade social e resíduos urbanos no Brasil, precisa ser melhorada. Por parte das empresas é recomendado a produção de embalagens sustentáveis, uso da mídia e globalização a favor da causa, incentivo à reutilização de sacolas e o apoio à ONG's que lutam em prol da ideia. À população, é importante a preferência aos produtos sustentáveis e a consciência a cerca do consumo. Por sua vez, Governo deve investir em um programa de coleta e descarte mais qualificado, com a construção de aterros sanitários, centros de reciclagem, capacitação para os profissionais de coleta e fiscalização em prédios, casas e condomínios sobre a forma de desenvencilhar-se inicialmente dos resíduos, bem como assistência básica e encaixe das pessoas que vivem nas regiões dos lixões em programas como o Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida. Desse modo, todos contribuem para um avanço nessa realidade.