Ítalo Calvino descreveu uma ‘’cidade invisível’’ chamada Leônia. Nela, os habitantes consumiam e descartavam com grande fugacidade e acabavam cercando-se de pilhas volumosas de lixo, inconscientes dos impactos e perigos envoltos dessa problemática. Infelizmente, a questão do lixo transcende a ficção. A exacerbada produção de resíduos traz impactos negativos não só ao meio ambiente, mas também à sociedade e cabe a esta a responsabilidade de frear as consequências desagradáveis do consumo excessivo. A rápida obsolescência das mercadorias está no cerne do aumento da produção de lixo. Essa técnica, criada pela General Motors a fim de expandir a venda e eliminar concorrentes, consiste em lançar novos produtos com pequenas alterações –seja no design, seja na tecnologia— curtos intervalos de tempo. Dessa forma, torna-se cada vez mais rápida a substituição –e consequente descarte— dos produtos. Um reflexo disso é o aumento da produção de resíduos que, segundo a organização ‘’abrelpe’’, cresceu 4 vezes mais que a população mundial entre 2003 a 2014. Outro ponto que merece atenção, sobretudo no Brasil, é o destino dos objetos descartados. Na maior parte do território brasileiro o descarte é feito em lixões a céu aberto, locais que propiciam a proliferação de agentes patológicos, bem como a contaminação do solo e de lençóis freáticos. Embora exista uma lei que vise à adoção de medidas que aumentem a reciclagem e o número de aterros sanitários – a Lei dos Resíduos Sólidos, nº 12305/2010—não há o cumprimento das medidas estabelecidas na prática. Logo, é necessário adotar medidas que resolvam os impasses, tais como a real execução da Lei dos Resíduos Sólidos, com o auxílio de verbas cedidas pelo Ministério da Fazenda para a construção de centros de reciclagem e de aterros sanitários pelo país. Também é interessante instituir campanhas e palestras que eduquem e informem acerca da importância da manutenção do equilíbrio ecológico, o que pode ser feito pelo Ministério da Educação e da Cultura (MEC). Dessa forma, os impactos do consumo e descarte excessivos seriam atenuados e a alienação da fictícia Leônia poderia não estar presente nas sociedades contemporâneas.