O consumo exagerado e inconsciente é a principal irresponsabilidade social que colabora com o aumento da geração de resíduos urbanos no Brasil. E o destino inadequado do lixo coletado nos centros urbanos constitui uma mazela na saúde pública, além de causa graves consequências ambientais. A sociedade do consumo vem se intensificando desde o século passado com os avanços de produção do sistema capitalista. Esse sistema utiliza os meios midiáticos para converter a noção das verdadeiras necessidades pela busca da “satisfação” através do consumo exagerado de bens. Dessa maneira, é cada vez mais notório que os brasileiros estão gerando grandes volumes de lixo; conforme a ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) a quantidade de lixo cresceu 21% só na última década e boa parte desses resíduos não possuem uma destinação adequada. Apesar dos avanços alcançados com a Lei Dos Resíduos Sólidos 12.305, nosso país ainda possui deficiências na gestão dos resíduos sólidos urbanos. Os lixões a céu aberto espalhados pelo Brasil, são provas concretas que demonstram a ineficiência do sistema de coleta dos resíduos. Além do mais, esse destino inadequado colabora com a disseminação de doenças (dengue, leptospirose, leishmaniose e etc) na população; uma vez que os vetores (mosquitos, roedores, insetos e cães) utilizam os lixões como abrigo e fonte de alimento. Somando a isso, o chorume produzindo pela degradação do lixo contamina o solo e o lençol freático com microorganismos e metais pesados, comprometendo a biodiversidade e o futuro abastecimento de água para população; situação alarmante, já que a despoluição de um lençol freático leva mais de 300 anos. Portanto, para que haja um consumo coerente com as verdadeiras necessidades, é preciso conscientizar os cidadãos brasileiros que consomem compulsivamente; através da apresentação de fatos relativos à degradação ambiental e aos problemas de saúde causados na população, na esperança de que a racionalidade prevaleça para estimular a reflexão sobre o estilo de vida, de ênfase no consumo, se os fazem realmente felizes. Ademais, é preciso que o Governo invista em meios sustentáveis para depositar os resíduos, através de projetos realizados em convênio com as universidades ou, em ultima instância, optando pela transferência da responsabilidade para a iniciativa privada. Desse forma poderemos ter um futuro mais sustentável sem comprometer a saúde pública em nosso país.