Título da redação:

A necessidade de reafirmar a responsabilidade do povo quanto ao destino dos resíduos urbanos

Tema de redação: A relação entre a responsabilidade social e os resíduos urbanos no Brasil

Redação enviada em 02/08/2016

O excesso de lixo e o mau tratamento de seu destino configuram-se hoje como questões de emergência pública, devido à má gestão governamental, mas também ao descompromisso da população. De tal maneira, os cidadãos acentuam o problema diante da sua precária conscientização e do estilo de vida contemporâneo individualista consumista não sustentável, encontrando-se vítimas de seus próprios maus hábitos, causadores de impactos negativos ao meio ambiente, economia e sociedade como um todo. Ao ser protagonista na garantia do bem-estar coletivo, o Estado é responsável pela aplicação de políticas que permitam o desenvolvimento sustentável. Porém, a iniciativa pública encontra-se bastante ineficiente por conta da pouca praticidade e excessiva burocracia, corrupção e dos efeitos não tão significativos de suas medidas. Assim, é necessário que a população exija mudanças dos órgãos estatais, sendo também seu dever analisar suas próprias atitudes, as quais, muitas vezes, são as principais agravadoras da questão do despejo do lixo. Isso é comprovado com a notória falta de educação dos indivíduos ao poluírem ruas e calçadas com seus resíduos, contribuindo para a proliferação de vetores de doenças (como ratos, transmissores da leptospirose) e maior ocorrência de enchentes, frente ao entupimento de bueiros e canaletas. Ademais, as pessoas pouco colaboram para a coleta seletiva em suas vizinhanças, o que provoca o descarte inadequado de materiais como pilhas e baterias, capazes de afetar solos, águas, ecossistemas e, consequentemente, a agricultura e economia. Embora pequenas mudanças já possam garantir eficientes soluções aos impasses, elas têm sua exequibilidade muito dificultada pelo cotidiano dinâmico da atualidade, que desvirtua as prioridades da população, focada no trabalho lucrativo ao máximo e “sem tempo” para lidar com pautas tão essenciais como a sustentabilidade. Ainda no contexto contemporâneo, a cultura consumista impõe, através da intensa propaganda e mecanismos como a obsolescência programada, o constante descarte e compra de produtos, com resultados bastante rentáveis às empresas privadas e nocivos ao meio ambiente. Além disso, o individualismo cultuado, de forma errônea, nas sociedades capitalistas contribui para o agravamento do quadro atual, à medida que os brasileiros não conseguem, entre si, dialogar e cobrar sua responsabilidade para a comunidade, seja quanto ao tratamento do lixo, seja quanto à participação na vida cidadã. Portanto, no intuito de reafirmar a responsabilidade do povo quanto ao destino dos resíduos urbanos, o Estado precisa conscientizá-lo por propagandas televisivas, tratando do consumo desenfreado, do conseguinte excesso de lixo e da coletiva seletiva e reciclagem como soluções. Somado a isso, é necessário que a iniciativa privada colabore com o Governo para atenuar a venda da cultura de massa consumista e danosa, através da reestruturação e fiscalização dos sistemas de venda. Por fim, o poder público ainda deve direcionar funcionários às residências nacionais que eduquem os brasileiros a respeitar a Lei de Resíduos Sólidos, afinal, segundo o filósofo iluminista Immanuel Kant, “o homem é aquilo que a educação faz dele”.