"Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado...". O Artigo 225 da Constituição do Brasil, ilustra com precisão o princípio a ser seguido em harmonia com o meio ambiente. No entanto, nos últimos anos, em decorrência da crescente atividade industrial, tal preceito esbarra no descarte incorreto do lixo no meio físico. Dentre os principais motivos que obstaculizam a gerência adequada dos resíduos sólidos, destacam-se a despreocupação histórica da governança e a ausência de uma educação instrutiva. A priori, é notório que a frequente omissão do Estado recrudesce o problema no país. Isso decorre, lamentavelmente, devido, muitas vezes, à relegação dos agentes públicos em elaborar um plano eficiente, em nível nacional, para o tratamento e destino adequado dos detritos urbanos. Como consequência disso, o descarte inapropriado do lixo, pelas indústrias, comércio e atividades domésticas ,no meio ambiente, compromete a qualidade do solo, rios e lençóis freáticos. Tal situação rompe com o conceito rousseauniano de "Contrato Social", em que o Governo, por meio do poder, manteria as regras e vantagens igualmente para todos. Logo, é imperiosa a elaboração de programas eficazes para o embate do transtorno socioambiental. Outrossim, nota-se, ainda, que a falta de uma instrução ecológica na sociedade exacerba a problemática. Isso acontece, infelizmente, porque frequentemente não há , no país, uma educação ambiental para o manejo e destino adequado do resíduos , sobretudo, residencial, como a coleta seletiva. Atrelado a isso, a presença perversa, no capitalismo moderno, da obsolescência programada, postura proposital das indústrias em desenvolver produtos de forma que tornem obsoletos ou não funcionais em um curto período de tempo, fortalece o acúmulo de rejeitos, principalmente, eletrônicos. Tal panorama vai de encontro ao que propôs a escritora Karen Currie na obra " Meio Ambiente Interdisciplinaridade na Prática ", a qual a consciência pessoal deve primar pela responsabilidade para com o meio ambiente. Dessa forma é impreterível o engendramento de mecanismos para a instrumentalização da sociedade civil. Infere-se, portanto, que a adoção de medidas para mitigar a questão do lixo no país torna-se imprescindível. Faz-se necessário que o Ministério do Meio Ambiente, em parceria com as cooperativas de reciclagem, crie um programa, com abrangência nacional, que prime essencialmente em propor métodos e estratégias para a separação e tratamento adequado do lixo urbano, com o escopo de promover a sustentabilidade ambiental. Ademais, o Poder Executivo, em consonância com a mídia televisiva, deve conceber uma campanha permanente, direcionada ao público em geral, que paute fundamentalmente em elucidar e conscientizar o corpo social sobre a necessidade do manuseio e a coleta seletiva, com a finalidade de instrumentalizar segmentos sociais diante do problema. Afinal, como afirmou a ambientalista Marina Silva : O custo do cuidado é sempre menor do que o custo do reparo.