Observando os impactos gerados pelo sucessivo aumento do número de não- contribuintes, tramita-se, no âmbito federal, uma proposta de reforma da previdência. Buscando evitar uma suposta crise, o governo brasileiro pretende aumentar a idade mínima da aposentadoria para 65 anos e o tempo mínimo de contribuição para 25, fato que precisa ser analisado no contexto da atual transição demográfica do país. No ano de 2015 houve um grande enfoque midiático na Grécia, que estava enfrentando uma grave crise atrelada ao alto número de idosos dependentes da previdência. O Brasil busca evitar a ocorrência de problemas semelhantes através do aumento do tempo de participação dos idosos como população economicamente ativa, que é a principal financiadora da previdência. Todavia, é inegável que esta medida é incabível e desmedida, já que, segundo a pesquisa feita pelo IBGE em 2016, a expectativa de vida do brasileiro é de 75,5 anos, logo o indivíduo teria que começar a trabalhar aos 26 anos para receber a pensão integral, supondo que ele não ficasse desempregado em momento algum. O IBGE estima que em 2050 o Brasil já possua uma piramide etária de pais desenvolvido, sendo necessárias mudanças para atender as novas demandas populacionais. Deve-se considerar nesse contexto os possíveis desgastes biológicos e mentais que incapacitam o idoso para o trabalho, sendo a proposta uma medida esdruxula ao não considerar esse fato. Infelizmente, ao invés do investimento em política públicas que preparem o país para atender as necessidades de lazer, bem-estar e saúde, observa-se o sucateamento dos serviços públicos e a proposição de expectativas irreais e desumanas.. A proposta não protege a previdência, como dito nas propagandas governamentais, mas a sucateia , podendo gerar como consequência a perda de uma direito conquistado e o aumento da aderência aos planos privados. Existem outras formas de aumentar a população economicamente ativa, como: a abertura do país para imigrantes e incentivos ao aumento responsável da taxa de natalidade, programa que poderia ser gerenciado pelo Ministério da Saúde. Além disso, o Ministério do trabalho poderia promover o aumento dos empregos de carteira assinada aos adolescentes, assim como para o alto número de adultos desempregados. Talvez assim, consiga-se remediar esta triste realidade sem diminuir um direito já conquistado.