Com a ascensão da primeira Revolução Industrial - mudança radical na transformação da matéria-prima -, o trabalho infantil, antes restrito aos campos, passa a ser delineado e explorado no regime fabril, com condições subumanas e contrárias à resistência física de um pequenino. No Brasil pós-moderno, esta realidade perversa e, principalmente, ilegal ainda persiste e é detentora de face e cor. A problemática supracitada gira em torno da necessidade de complementação - precoce - do orçamento familiar; suas consequências são terríveis, até irreversíveis e trazem danos à saúde psicológica e física, alterando, assim, o desenvolvimento cognitivo das crianças em questão. Em primeiro lugar, a necessidade de auxiliar aos pais no estabelecimento de uma renda, em tese, favorável à sobrevivência é analisada como um fator que proporciona o predomínio desta realidade e que obstrui a execução dos direitos fundamentais, concedidos igualmente ao público infanto-juvenil. Além disso, o difícil acesso - cultural, geográfico e econômico - à escola, as falências nas relações parentais - separação, gravidez precoce e ausência das figuras paternal ou maternal - também são consideradas situações de risco que corroboram para a instauração e prolongamento deste cenário horrendo que aflige milhares de brasileirinhos. Em segundo lugar, deve-se desconstruir o mito "trabalho enobrece", pois os que se apossam deste discurso não compreendem os reais prejuízos - baixa auto-estima, por exemplo - e limitações que o trabalho prematuro pode impor. Entretanto, o ambiente escolar, sim, desenvolve e engrandece, lapida as mais variáveis competências cognitivas - condição imprescindível na sociedade do conhecimento - é a única possibilidade de quebrar o ciclo vicioso da pobreza. Fica nítido, portanto, a relevância da manutenção da criança em regime escolar e recreativo. O governo, no investimento em uma educação em tempo integral, adotando a concepção de que a mesma é o melhor caminho a ser trilhado para a erradicação do trabalho infantil. A comunidade midiática - cão de guarda da sociedade -, denunciando estes ofícios que inibem e escravizam quem o exercem. Só assim, poderemos vislumbrar uma sociedade atuante, isenta de determinadas ideologias que ferem e usurpam os de seus menores.