Na obra "Vidas Secas" de Graciliano Ramos, é retratada uma família miserável de retirantes, no qual seus filhos não têm identidade própria pois trabalham desde pequenos para ajudar os pais e sobreviver da fome. De maneira análoga, presencia-se no cotidiano, infantes trabalhando para ajudar na renda familiar. Contudo, é inaceitável que crianças ainda vivam nessas condições, burlando o Estatuto da Criança e do Adolescente, fruto das desigualdades sociais, marcado pela fome e irresponsabilidade familiar e social, prejudicando o desenvolvimento da criança. A fome é o principal responsável pelo trabalho infantil. Isso porque as famílias colocam as crianças pra trabalhar, na tentativa de complemento na renda familiar, deixando os estudos em segundo plano. Hoje é comum, por exemplo, deparar-se com infantes em atividades rurais e semáforos e outros locais, cujas funções geralmente exigem grande esforço físico. Em decorrente disso, as crianças não terão uma infância feliz e chegarão a fase adulta sem perspectivas futuras. Atrelado à fome, a ausência de responsabilidade familiar também é um grave problema. Pois, os tutores não privilegiam nem proporcionam a educação, saúde, segurança e lazer de qualidade aos menores de 18 anos, como previsto na lei 8.069/90. Por consequência disso, a criança é privada do exercício de tarefas competentes à faixa etária, vivenciando o processo de meia infância. Torna-se evidente, portanto, que o Governo, a sociedade e a família devem medir esforços para combater o trabalho infantil. Em razão disso, o Ministério da Fazenda deve continuar com seus programas de distribuição de renda, bem como o "Bolsa Família" para assegurar o direito da alimentação, moradia e amparo à criança aos estudos, promovendo um aumento na expectativa do futuro de vida aos infantes. Ademais, cabe a sociedade denunciar casos de meia infância à órgãos como Conselho Tutelar e Centros de Referência a Assistência Social para realização do acompanhamento do menor de 18 anos e aconselhamento dos familiares, auxiliando no processo de construção e incentivando o estudo das crianças e adolescentes. Assim, essas medidas em conjunto trarão eficácia na redução do trabalho infantil, e a lei 8.069 será efetivada.