Ao analisar o tema sobre o trabalho infantil no Brasil, observa-se que ele não é um problema atual. Desde de que os primeiros escravos africanos chegaram ao país, a exploração de meninos e meninas têm se tornado uma prática comum em todo território nacional, principalmente em regiões interioranas , pois a fiscalização nesses locais se torna menos eficiente que nos centros urbanos. Sendo assim, pode-se dizer que a exploração do trabalho envolvendo crianças, além de prejudicar o desenvolvimento do cidadão, faz com que o indivíduo tenha que abdicar dos estudos para poder ajudar no sustento familiar, fato esse que contribui ainda mais para o aumento da disparidade econômica e social. Em uma pesquisa realizada pelo jornal Folha de São Paulo, em outubro de 2017, estima-se que exitam cerca de 2,7 milhões de adolescentes e crianças desenvolvendo algum tipo de trabalho manual em todo o território nacional. De acordo com os dados, houve um aumento de 36% em ralação ao ano anterior, ou seja, ao contrário do que se imagina, a quantidade de crianças vítimas do trabalho infantil aumentou drasticamente. Esse aumento pode ser explicado pela ineficiência do Estado em fiscalizar regiões, como o Nordeste e Sudeste, que possuem um elevado número de crianças inseridas em atividades insalubres e degradantes, dado que a inserção precoce desses indivíduos no mercado de trabalho está diretamente relacionado à questões econômicas e estruturais. Ademais, outro fator que dialoga com essa triste realidade refere-se à elevada taxa de garotas entre 10 a 13 anos que trabalham diariamente em empresas do setor de vestuário. Um exemplo clássico desse retrocesso social aconteceu em São Paulo, onde o Ministério Público local abriu um inquérito para averiguar o aliciamento de cinco meninas peruanas contratadas para a produção e distribuição de roupas e calçados destinados ao mercado internacional. Nesse caso, utilização do trabalho infantil acontece devido à vulnerabilidade econômica em que essas pessoas se encontram, dado que para aumentar a renda familiar as crianças passam a desenvolver as mesmas atividades outrora exercidas pelos pais. Destarte, para que seja possível minimizar a exploração do trabalho infantil, é preciso que esse problema não seja tratado como algo isolado e passageiro, mas sim como uma prática que acontece em todas as regiões do país. Dessa forma, cabe ao Ministério do Trabalho, por intermédio da elaboração de um aplicativo móvel, criar uma ouvidoria pública online que receba denúncias anônimas de abuso contra crianças inseridas no mercado de trabalho, preservando a identidade e a integridade das vítimas. De acordo com Imanuel Kant, o ser humano é aquilo que a educação faz dele. Desse modo, é dever do Ministério da Educação, por meio de palestras e atividades sociopedagógicas, discutir com pais, alunos e professores a importância de manter as crianças em idade escolar matriculadas nas instituições de ensino, visto que só assim a problemática será atenuada, e a influência desses dados será minimizada.