Título da redação:

Desenvolvimento infantil sob a ótica do trabalho

Tema de redação: A realidade do trabalho infantil no Brasil

Redação enviada em 18/09/2017

Conforme Nelson Mandela, o motor do desenvolvimento pessoal é a educação, entretanto, o trabalho infantil é um entrave que dificulta a consolidação do desenvolvimento da base do cidadão. Nesse viés, nota-se que essa problemática possui raízes econômicas e sociais persistentes que, apesar de existir uma legislação para coibir essa prática, impactam a sociedade brasileira. É fundamental analisar, a princípio, a questão sob o prisma econômico. Nesse panorama, é tácito que a disparidade socioeconômica no Brasil influencia na vida dos infantes, haja vista que muitos deles precisam trabalhar para complementar a renda familiar que é insuficiente para as despesas mensais. Dessa forma, o trabalho infantil é um fator motivador para evasão escolar, visto que uma parcela significativa da população de jovens e crianças opta por abandonar o ambiente escolar para dedicar-se a trabalhar, isso fica evidente no levantamento feito pela UNICEF, no qual há 3,8 milhões de crianças fora da escola no Brasil. Consequentemente, a formação profissional desses indivíduos será afetada, tendo em vista sua saída precoce do ambiente escolar e, por conseguinte, terá dificuldade em empregar-se de modo formal quando adulto. Vale realçar, também, que os aspectos socioculturais funcionam como empecilhos para resolução do impasse. Isso é evidenciado na mudança de ideais entre os séculos, visto que na Grécia Antiga, o ócio era valorizado e as formas de trabalho manuais eram tidas como funções de pessoas inferiores, porém, com a Revolução Industrial, esses ideais foram invertidos e o trabalho passou a ser prestigiado. À vista desse pressuposto, hoje, há uma visão na qual o trabalho, desde tenra idade, pode ensinar valores morais aos indivíduos e, desse modo, muitas pessoas não veem uma criança trabalhando como um problema. Contudo, isso é um equívoco, pois, além dos impactos sob sua formação profissional e social, o pequeno pode se submeter a condições degradantes que afetam sua saúde, haja visto os dados do Ministério da Saúde, os quais mostram que foram mais de 12 mil crianças vítimas de acidentes de trabalho em 2015. Fica clara, portanto, a necessidade de medidas concretas para atenuar esse situação no Brasil. De início, cabe ao Estado destinar uma maior verba para programas sociais, como o Bolsa Família, a fim adequá-lo à realidade nacional para garantir que o programa forneça auxílio suficiente às famílias carentes e, por intermédio desses programas, os infantes não tenham mais a necessidade de trabalhar para completar a renda familiar. Em adição, as instituições de ensino, em parceria com ONGs, devem desconstruir, por meio de palestras e debates em locais públicos, a ideia benéfica do trabalho na infância, visando extinguir essa prática e suas sequelas. Assim, poderá ser notado um corpo social harmônico no qual os pequenos possam gozar plenamente do período de desenvolvimento sem cicatrizes em sua formação.