No Brasil do século XX, Monteiro Lobato dramatizou em uma de suas obras a história de Negrinha, uma menina filha de escravos que mesmo com a Lei Áurea, viveu e morreu na escravidão. Hoje, apesar de um século ter se passado, vários "Negrinhos" e "Negrinhas" estão espalhados por aí, diante dos olhos da sociedade das desigualdades. O trabalho infantil é consequência das mazelas sociais e têm como principais fatores as muitas responsabilidades e poucas oportunidades que essas crianças estão sujeitas. A realidade da criança que vive na pobreza é de optar por estudar ou trabalhar, já que muitas das vezes a renda familiar depende do suor do seu trabalho. O desemprego, o alto número de filhos em famílias pobres, levam a necessidade das crianças trocarem a caneta pela enxada, porque os pais não possuem condições financeiras mínimas de mantê-los somente com aquilo que ganham. Intrinsecamente relacionado a essa realidade está a falta de oportunidade, ou seja, mesmo havendo uma segunda alternativa para as crianças ela geralmente é descartada. Algumas cidades no Brasil ainda não garantem o acesso ao transporte escolar rural, ou até mesmo, os pais, por não terem ingressado na vida acadêmica e por viverem uma realidade dura, retiram a oportunidade dos filhos de alcançarem um certo grau de escolaridade, devido ao longo tempo que os estudos exigirão deles, essa realidade está bastante presente em áreas rurais. Diante de um problema recorrente e tão esquecido pela população, a mídia deve começar a agir, exibindo propagandas de denúncia ao trabalho infantil. Além disso, o governo tem a obrigação de ampliar os programas sociais, como bolsa família, que já tem ajudado muito a pobreza e poderá retirar dos ombros das crianças o peso da contribuição na renda familiar. Nos municípios, o transporte escolar rural deve começar a abranger os quatro quantos da região, garantindo oportunidade de estudo às crianças. As leis também devem vigorar com mais seriedade nas cidades, pois o trabalho infantil não se encontra somente na zona rural. Afinal, será dessa forma que nossos "Negrinhos" e "Negrinhas" poderão se tornar futuros doutores e doutoras.