A discussão em torno da saúde pública no Brasil costuma se restringir às necessidades mais explícitas, como infraestrutura e remuneração dos profissionais da área. Entretanto, para além das patologias fisiológicas e suas demandas, a crescente taxa de casos de suicídio urge a reflexão acerca da saúde mental e o próprio lidar com a mente. Esta, dicotomicamente separada do corpo ao longo da história do Ocidente. Desde os primórdios da humanidade o cérebro humano têm desenvolvido seus graus de complexidade, assim criando e recriando teias sociais, organizações, mitos e sistemas. Estas criações constituem e moldam as realidades e as relações. A dicotomia Platônica é um dos conceitos mais enraizados no mundo Ocidental, razão da separação entre corpo e mente, e a consequente priorização do físico quando se pensa em saúde. Não somente, o acúmulo de diversos outros mitos excludentes, também dualistas, acrescentam no surgimento de certas patologias que habitam o subconsciente. A depressão é, além dos fatores externos, um desequilíbrio químico em nosso organismo. Mas para compreender socialmente o fenômeno é imprescindível considerar a instabilidade política e a crescente banalização do ódio. No Brasil, em que há uma defasagem na educação, ideias nocivas incorporam facilmente o senso comum e culminam em violências que também contribuem para o suicídio - que não ao acaso é principal causa de morte entre mulheres de 15 à 29 anos. Assim como entre LGBT'S e negros. Dessa forma, a preocupação com o bem-estar social e os direitos humanos da população se mostra primordial para a reversão do processo. Em especial, em períodos político e economicamente conflituosos. Cabe ao Estado prover os direitos e condições básicas para a população, investir em educação e saúde. Assim como a criação de clínicas de atendimento psicológico e psiquiátrico gratuito.