Em “A Carta Roubada” de Edgar Allan Poe, um delegado encontra-se exausto após revirar a casa do principal suspeito pelo furto. Porém, não esperava que a carta seria encontrada com facilidade: abrindo o porta-cartas sobre a lareira. Depreende-se do conto estadunidense que, não raro, a solução encontra-se na obviedade. Traçando-se um paralelo ao aumento dos casos de suicídio no Brasil, torna-se claro que é falando sobre os mesmos que tal caso será solucionado. Entretanto, o debate acerca do suicídio deve ser feito para aumentar-se o diálogo e não como um fomento inapropriado. Como um estímulo indevido, tem-se a série norte-americana "13 Reasons Why”. Em seu enredo, há uma adolescente que, após diversos problemas, comete suicídio. Contudo, antes disso, deixa uma fita para cada pessoa a qual considerava responsável diretamente por tal ato. Exemplos como esse, infelizmente, configuram para a psicologia o “Efeito Werther”. Tal efeito consiste em um fator que leva outras pessoas a tirarem as próprias vidas. Assim, uma história como essa pode instigar um telespectador em situação de vulnerabilidade a imitar a personagem. Todavia, diferentemente da ficção, a morte é real. Nota-se o quão desastrosos são exemplos como esse, uma vez que, não raro, quem possui pensamentos suicidas não tem o amparo devido e tal incitação é o suficiente para uma ação irreversível. Destarte, evidencia-se a suma importância do apoio emocional. Segundo a OMC, a cada 45 minutos um brasileiro comete autocídio. Um dado alarmante e pouco divulgado. Infere-se que existe um desencorajamento da discussão sobre tal assunto. Não obstante, essa ausência de diálogo piora a situação já agravada. Ainda segundo a OMC, 90% dos casos poderiam ser evitados com ajuda prévia. Por conseguinte, há um conjunto implícito de estimulantes aos atos suicidas, visto que há estímulos inapropriados e pouca diligência com os suscetíveis. Em suma, cabe ao Ministério da Saúde, através de investimentos, fortalecer a atuação tanto do Centro de Valorização da Vida (CVV) como do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), tornando-os atuantes. Tal intervenção ocorreria, principalmente, com fortes campanhas em todas as mídias, diálogos constantes e encontros presenciais. Mostrar-se-iam, também, caminhos para a busca de um tratamento e o drama das famílias que perderam entes queridos. Somado a isso, ter-se-ia a divulgação do telefone 141, que é a linha direta com o CVV. Assim, espera-se que o diálogo evite, ao menos, 90% dos casos sendo, pois, o “porta-cartas” com a solução para ao aumento dos casos de suicídio no Brasil.