Assim como os artistas ultrarromânticos do século XIX buscavam na morte, muitas vezes, uma evasão para seus problemas, contemporaneamente essa via também é buscada. O suicídio tem suas maiores vítimas nos jovens e idosos e percebe-se um aumento nas estatísticas a cada ano. De acordo com a rede de rádio e televisão BBC, o Brasil é o 12° na lista de países latino americanos com mais mortes ocasionadas por suicídio. O período da adolescência é, por si só, uma fase conflituosa devido a crises de identidade, problemas com a sexualidade e com o bullying, por exemplo. Tais questões tornam-se muito mais perturbadoras para jovens que não possuem uma estrutura familiar consistente nem uma sociedade acolhedora. A rotina dos pais contemporâneos, cada vez mais ausentes em casa devido a maior competitividade do mercado de trabalho, aliada ao mito de que a depressão não é uma doença, principalmente na adolescência, em que é vista como uma fase normal da idade, faz com que muitos sinais dados por adolescentes depressivos, ansiosos ou com algum vício não sejam notados pela sociedade que os rodeia, facilitando a ocorrência da retirada da própria vida. Contudo, idosos possuem, segundo o Mapa da Violência, os maiores índices de suicídio. O acumulo de problemas de saúde associado ao descaso da saúde pública e o isolamento social ocasionado por viuvez e pela falta de programas sociais voltados a essa população são causas que auxiliam os idosos a estarem cada vez mais descontentes com a própria vida. Alia-se a isso uma mudança no status do idoso dentro da sociedade. Se antes era visto como uma fonte de sabedoria, como retratado no provérbio chinês: “Ter um velho em casa é como ter um tesouro no lar”, hoje o conhecimento está muito atrelado à tecnologia que, dominada pelos jovens, diminui a autoestima dos idosos, contribuindo para que se sintam rejeitados e indesejados podendo, com isso, desenvolver estados psíquicos negativos que os encaminhe ao suicídio. Dessa forma, é necessário que a sociedade comece a visualizar o crescimento do suicídio como um problema que urge atenção. Cabe ao Ministério da Saúde aumentar a lista de medicamentos que devem ser ofertados gratuitamente, principalmente para famílias de baixa renda, além de aumentar o número de profissionais geriatras, psicólogos e psiquiatras na rede pública de saúde. O Ministério da Educação deve indicar ONGs engajadas com o assunto às Secretarias de Educação para que sejam realizadas palestras nas escolas voltadas aos pais, alunos e professores, enfatizando como evitar casos de suicídio. As escolas devem criar, aos finais de semana, um espaço para os idosos da comunidade, com aulas de pinturas, jogos, rodas de histórias e excursões, em que os próprios alunos possam participar voluntariamente.