"Kamikase" era o nome atribuído aos pilotos japoneses de avião, durante a Segunda Guerra Mundial, cuja missão era realizar ataques suicidas aos inimigos. Hodiernamente, o suicídio perdeu tal concepção armada e configura-se um dos principais dilemas. Em síntese, o aumento no número de casos de suicídio persiste intrinsecamente na sociedade brasileira, como produto da mistificação acerca das causas suicidas e da expansão dos índices de enfermidades psíquicas. O paradoxo quanto às motivações suicidas é mecanismo de agravamento nos casos de óbito, uma vez que a ausência de discussão a respeito desse tema oculta as ações e os indícios que antecedem a tentativa de morte. Nesse panorama, a escassez de diálogo fomenta a concepção de que o suicídio restringe-se a razões individuais. Sob tal ótica, o sociólogo Émile Durkheim, em "O Suicídio", busca compreender o que há de social no assunto abordado ao transcender o plano psicológico. Dessa maneira, a incompreensão dos fatores sociais que levam o indivíduo a autodestruir-se alicerça uma sociedade submersa na negligência. Em um segundo plano, sob uma ótica psicológica, o crescimento de atos autodestrutivos é fomentado pela presença de doenças psicossociais nos indivíduos. Esse paradigma é fomentado pela práxis coletiva de alienação acerca dos distúrbios mentais. Nesse sentido, a manifestação de características depressivas não é notabilizada plenamente, haja vista que a sociedade possui uma visão estereotipada em relação ao sujeito portador. Dessa forma, os indícios subjetivos de suicídio tornam-se alheios à comunidade. O desconhecimento relativo às razões autocidas, em paralelo ao crescente número de disfunções psíquicas na população, portanto, consubstancia o aumento de quadros suicidas no Brasil. Com isso, o Ministério da Educação deverá estabelecer diretrizes pedagógicas aos corpos docentes e discentes, por meio de conferências ministradas por profissionais da psiquiatria e da sociologia, com o auxílio de indivíduos que possuam histórico de tentativa suicida, abordando sobre as possíveis ações sociais e individuais que levem ao desejo da morte, com o propósito de mitigar atitudes hostis do receptor da instrução que desencadeiem atos suicidas ao seu ciclo de convivência. Desse modo, construir-se-á uma cultura fundamentada na dignificação do homem e da sociedade e na supressão de uma epidemia silenciosa.