A série Os treze porquês (13 reasons why), trata dos motivos os quais, a personagem Hannah, atentou contra a própria vida e traz uma reflexão sobre o assunto na atualidade. Fora da ficção, no contexto brasileiro, é crescente o número de suicídios, principalmente entre jovens e adolescentes, seja por questões sociais, seja por questão de saúde pública. A princípio, esta problemática tem fortes contornos sociais envolvidos. Em um contexto regrado de cobranças na ascensão socioeconômica e padrões físicos imposto pela mídia, estar na faixa etária da juventude pode ser perturbador, considerando a incerteza dos mais jovens quanto ao próprio futuro. Segundo a filosofia de Platão, o ser humano é social e necessita viver em comunidade, sendo assim, o jovem busca se encaixar nos perfis preestabelecidos. Porém, em situação de insucesso, surge a frustração por não alcançar as expectativas, instaurando desanimo e pensamentos autodestrutivos. Desse modo, a sociedade atual intensifica o surgimento da depressão, a qual pode desencadear o suicídio. Além disso, o suicídio é um problema de saúde pública, mas ainda ignorado. Na contemporaneidade, é grande a preocupação com as doenças no âmbito físico, no entanto, doenças relacionadas ao estado psíquico acabam sendo desprezadas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens no mundo, e no Brasil, cresceu mais de 40% nos últimos dez anos, porém, muitos consideram a depressão - principal precursora do suicídio – como meio de “chamar atenção” ou inerente à idade, quando se trata de um jovem. Devido a estigmatização do caso, desconsiderar os motivos do suicídio, os quais envolvem na maioria das vezes questões de saúde mental, se torna comum, não validando o contorno epidêmico que a problemática atingiu. Dessa forma, o assunto deve ser visto como questão de saúde pública, e assim como diz a OMS, “deixar de ser tabu”. Depreende-se, portanto, que o âmbito social e o descaso do assunto como questão de saúde estão ligados ao aumento do suicídio no Brasil. Nesse viés, cabe ao estado desenvolver uma abordagem sobre o tema, por meio de palestras nas escolas e nas diversas cidades brasileiras, a fim de quebrar o tabu existente e fazer as pessoas considerarem a importância do assunto. Ademais, o estado deve também criar estratégias de prevenção, com o acompanhamento psicológico nas escolas e universidades, prevendo amenizar a ocorrência de doenças, como a depressão. As famílias devem também atuar acompanhando o desenvolvimento emocional dos jovens, participando por meio de afeto e conversas, para que, se possível, o problema seja solucionado no próprio corpo familiar. Com tais medidas, seria possível destruir os porquês que levam o trágico fim de muitas vidas.