Coesão Social O sociólogo Émile Durkheim aponta, em sua obra, o “suicídio egoísta”, o qual é originado da falta de coesão social e inclui, como motivação, o sentimento de abandono. Por outro lado, o cientista social assinalou que, quanto maiores os laços interpessoais em uma comunidade, menores serão suas taxas de suicídio. Nesse ínterim, o tabu construído sobre esse tema é fator que limita o poder de solucioná-lo, seja devido à falta de consciência por parte da sociedade, seja pelo despreparo dos profissionais da saúde em sua prevenção. Destarte, é inquestionável que o estigma que circunda essa “epidemia silenciosa” dificulta o seu sobreaviso. Segundo pesquisas, 26 tentativas logradas de por fim à própria vida acontecem, diariamente, no Brasil. Mesmo assim, a mentalidade brasileira acredita que casos de suicídio são raros e que, quando um indivíduo está determinado a deixar de viver, não há como impedi-lo. Todavia, de acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, esse triste cenário pode ser evitado; primordialmente, pela sua desestigmatização. Outrossim, é indubitável que a inaptidão dos profissionais da saúde para reconhecer sinais de comportamento suicida é empecilho no salvamento dessas vidas. Dados informam que 80% dos suicidas foram ao médico não psiquiatra no mês anterior à morte. Ademais, admitindo-se que a maioria das mortes autodirigidas são o resultado de outras tentativas prévias, grande parte desses óbitos são precedidos de passagens pelo pronto-socorro. Em tais circunstâncias, é oportuno sondar o comportamento do paciente em busca de sintomas periculosos. Por isso, a postura de atenção constante aos sinais deve superar a especialidade de psiquiatria. Infere-se, portanto, que os índices crescentes de autoextermínio no Brasil, embora preocupantes, podem ser reduzidos. Nesse sentido, é papel da mídia televisiva abordar, de maneira conscientizadora e não apologista, o tema suicídio em novelas e em programas de auditório, dando enfoque ao luto sofrido pelos parentes e amigos devido à perda, a fim de dissuadir pensamentos de autoflagelação. Assiste, ainda, ao Ministério da Saúde promover cursos capacitadores para médicos e enfermeiros das diversas áreas da Medicina, com o fito de torná-los atentos a toda manifestação de comportamento autocida, para que, dessa forma, a ciência do problema e dos meios de preveni-lo sejam a coesão social que acautelará novos casos de suicídio no Brasil.