"Ela se jogou da janela do quinto andar, nada é fácil de entender". Neste verso, Renato Russo refletiu sobre a questão do suicídio. Contudo ele cometeu um erro, pois apesar de complexo, o ato de se matar pode ser compreendido, ou pelo menos as suas causas. Nesse contexto é evidente que no cenário brasileiro, tanto a crise econômica quanto o bullying são grandes responsáveis pelo aumento desta triste realidade vivenciada pelo país, tornando o debate sobre este assunto uma urgência nacional. Em primeiro lugar, é válido comentar sobre as constantes pressões sofridas pelos indivíduos. Dentre estas, a econômica se torna evidente num país em crise como o nosso, onde o número de desempregados já chega a 15 milhões. Sem conseguir uma forma de se sustentar e suprir sua família além da grande insegurança econômica, a pessoa se vê encurralada e angustiada e nesse caso o suicídio se mostra como uma válvula de escape para esses problemas. Além da dificuldade financeira, problemas sociais como o bullying podem impulsionar tal fatalidade principalmente entre adolescentes. As humilhações constantes, seja no ambiente de trabalho ou escolar, causam no suicida a sensação de não pertencimento ao mundo, o que muitas vezes se converte em auto-julgamento. Prova disso é que o suicídio entre os jovens tem crescido significativamente, pois estes estão mais vulneráveis a tal violência, porque ainda estão em formação identitária e portanto são mais inseguros. Aliado a isso o cyberbullying, onde a proporção da humilhação é ainda maior, nos faz entender o porquê de, segundo a OMS, o suicídio "matar" mais que o HIV no mundo juvenil. Portanto fica claro a urgência do debate e de medidas para amenizar a ocorrência desta fatalidade. Primeiro o ministério da saúde deve criar programas no SUS destinados exclusivamente a dar assistência psicológica à pessoas com inclinações suicidas. Em conjunto com tais projetos, a mídia pode lançar campanhas incentivando estes indivíduos a buscarem ajuda. Além disso os ministérios da educação e do trabalho devem buscar formas de acabarem com o bullying. Para isso, podem ser criados, por exemplo, espaços em escolas e empresas destinados ao recebimento de denúncias de casos de violência, seja ela física ou psicológica. Dessa forma caminharemos para um Brasil onde viver deixe de ser sinônimo de sobreviver e passe a ser algo prazeroso.