Título da redação:

A liquidez da vida

Tema de redação: A questão do aumento de casos de suicídio no Brasil

Redação enviada em 11/07/2017

Ansiedade. Depressão. Bullying. Relações instáveis. Essas são algumas dentre tantas mazelas psíquicas e sociais responsáveis por levar um ser humano a cometer automutilações e a decidir pôr fim à sua existência. A problemática do suicídio não é recente; os primeiros debates acerca dela ocorreram na Grécia Antiga. Entretanto, é imprescindível atentar para a deficiência das instituições contemporâneas - em destaque a escola e a família -, que compromete a formação da identidade de densa parte das crianças e dos jovens brasileiros. Antes de tudo, a negligência da escola brasileira pode causar danos irreversíveis à psiquê humana, ocasionando, inclusive, atos chocantes de violência. Sob tal óptica, a chacina do Realengo, acompanhada veementemente pela mídia, mostrou um cenário no qual um jovem que sofreu bullying na infância - na mesma escola onde atirou em alunos e professores - tem seu momento de vingança social e, depois, se mata. Casos como esse, além de gerar uma abundante comoção social, deveriam levar a uma mobilização para construir um ambiente mais propício ao aprendizado, no qual a empatia se faça presente. Outro aspecto importante da problemática concerne às estruturas familiares contemporâneas. Nessa apreensão, o sociólogo Zygmunt Bauman traz as relações líquidas - as quais são regidas pelo individualismo e ausência de diálogo - como um aspecto definidor do funcionamento das sociedades modernas. Em tal concepção, intrinsecamente relacionada à família, a falta de interação entre pais e filhos pode ser um fator determinante para o desenvolvimento de doenças psíquicas dos mais novos que, inexperientes e com sua personalidade em formação, são mais suscetíveis a cometer suicídio. Relativamente a tamanho dilema, portanto, urge que o Ministério da Educação subsidie debates sobre bullying em todas as instituições de nível Fundamental e Médio, mediante contratação de psicólogos, a fim de minimizar os efeitos nocivos dessa prática tão presente nos ambientes de ensino. Ademais, por meio de programas televisivos dos canais abertos brasileiros - os quais são assistidos por significativa parcela da população - deve ser abordado, de acordo com as orientações da Organização Mundial da Saúde, o tema do suicídio, considerado um verdadeiro tabu, para que esse assunto, bem como as crises existenciais recorrentes em adolescentes, seja mais naturalmente abordado em conversas familiares.