Título da redação:

À beira da vida

Tema de redação: A questão do aumento de casos de suicídio no Brasil

Redação enviada em 06/09/2017

A morte voluntária, desde a ascensão do cristianismo no século II d.C, era vista como um pecado hediondo e um crime irreparável. Tal quadro histórico em relação a esta problemática envolveu o ato de abreviar a vida em uma aura de preconceitos e tabus sociais. No entanto, frente ao aumento dos casos de suicídio no Brasil e no mundo, torna-se imprescindível um amplo debate envolvendo o Estado, a Sociedade e a Família a fim de desconstruir equívocos e fornecer o apoio necessário aos grupos fragilizados. Em primeiro plano, convém salientar o caráter coletivo em torno da questão do suicídio. Nesta perspectiva, o sociólogo Emile Durkheim afirmava que o compartilhamento de crenças e valores entre os membros de um grupo gerava um laço de solidariedade social. Desta forma, quanto maior o grau de solidaderiedade no grupo, mais firmemente ancorados estariam os indivíduos e menos probabilidade haveria de cometerem suicídio. Entretanto, no atual mundo líquido, abordado pela teoria do sociólogo polonês Zigmunt Bauman, o senso de individualismo que rege os laços interpessoais fragiliza as relações humanas e amplia o número de suicidas. Com isso, comprova-se a tese de que a abreviação da vida se trata de um problema da coletividade e, portanto, necessita de uma abordagem mais séria e destituída de preconceitos. Neste cenário, o comportamento suicida deve ser encarado como uma questão de saúde pública. Desde 1980, segundo o Mapa da Violência, a taxa de suicídio no Brasil aumentou cerca de 60%, principalmente entre os jovens. Este dado se justifica pelo fato de o público adolescente ser mais suscetível , devido a fatores biológicos e psicossociais, a desenvolver fortes trantornos psíquicos. Tais transtornos estão normalmente relacionados à baixa autoestima, histórico de abusos, problemas para lidar com a própria sexualidade e reflexos da superproteção familiar. Assim, torna-se relevante a tomada de uma postura pró-ativa no âmbito doméstico, de modo que, por meio de um diálogo compreensivo e livre de moralismo, os pais possam auxiliar seus filhos a transporem a barreira do suicídio. Em suma, conclui-se que a temática do suicídio, apesar de ainda ser alvo de preconceitos, demanda um amplo debate em torno de suas causas e implicações sociais. Desta forma, cabe ao governo atuar na promoção financeira de ONG's humanitárias, como o Centro de Valorização à Vida(CVV), voltadas à prestação de suporte psicológico aos necessitados. Ademais, cabe às escolas promoverem uma maior conscientização sobre este assunto por meio da realização de palestras, oficinas e debates, com a parceria de profissionais qualificados que possam abordar a temática de forma séria e responsável. Por fim, faz-se essencial o opoio psicológico dos pais dentro do círculo familiar, de modo que estes conduzam um diálogo aberto e saudável com seus filhos e os auxiliem na procura por um especialista, caso necessário. Assim, a ação conjunta destes três setores da sociedade minimizará a ocorrência do suicídio em todas as esferas e promoverá uma saúde mental mais equilibrada.