Título da redação:

Sociedade pseudoalfabetizada

Tema de redação: A questão do analfabetismo funcional no Brasil

Redação enviada em 26/10/2017

Devido a fortes campanhas visando a erradicação do analfabetismo nas últimas décadas, o Brasil apresenta percentuais de mais de 90% da população alfabetizada. No entanto, grande parcela de pessoas situadas nessa taxa podem ser caracterizadas como analfabetos funcionais: sabem ler e escrever, mas apresentam incapacidade de interpretar textos com visão crítica ou resolver cálculos matemáticos básicos, o que os prejudica pessoal, intelectual e profissionalmente. A educação brasileira por séculos esteve restrita aos clérigos e renegada às mulheres, tendo se tornado gratuita apenas no século passado, com governos populistas como o de Getúlio Vargas. Mais de meio século depois, a despeito da alta taxa de "escolarização" dos brasileiros, a expressiva quantidade de analfabetos funcionais limita a capacidade crítica da população, impedindo a aceleração do desenvolvimento ambiental, político e econômico do país. Se, ao invés de aceitar passivamente a realidade social em que o povo está inserido, seus integrantes propusessem ideias e soluções para a sua melhoria nos mais diversos âmbitos, o que só será alcançado com a efetiva alfabetização, tanto a democracia como a nação vigorariam. A precariedade do ensino público no Brasil é a grande raiz do problema. Um sistema educacional com falta de recursos em sala de aula, pouca valorização dos professores e arraigado em uma cultura de depreciação do conhecimento não raramente dogmatiza alunos a ter como objetivo não o aprendizado, mas determinada nota. Já dizia Platão: "o conhecimento imposto à força não pode permanecer na alma por muito tempo". Sem incentivos suficientes, ensinamentos amplos e abertos à visão e às opiniões dos estudantes, estes não tardam a deixar a escola e integrar-se na sociedade com dificuldade de resolução de problemas reais, menor chance de empregabilidade e menor visão crítica do mundo que os cerca. Portanto, reformas no sistema educacional são imprescindíveis. O Ministério da Educação brasileiro deve incentivar uma formação mais crítica dos alunos, criando maior diversidade de matérias no currículo escolar para estimular os jovens a gostar de aprender, além de fornecer maior quantidade de material didático para os institutos de ensino, para que os estudantes compreendam como, na vida fora das escolas, esses conhecimentos são aplicados. Assim, de acordo com a antropóloga Margaret Mead, "as crianças devem ser ensinadas a pensar, não o que pensar".