Fabiano, Sinhá Vitória e seus dois meninos, na obra de Graciliano Ramos, são personagens representativas do meio árido em que habitam, deixando transparecer em suas falas a escassez de vocabulário e o medo decorrente ao uso das palavras. Analogamente, observando-se o cenário brasileiro do século XXI, é perceptível a aridez no raciocínio da população, que, embora tenha acesso à educação, não é capaz de articular e interpretar raciocínios lógicos, demonstrando uma formação educacional falha, especialmente nas fases iniciais do desenvolvimento do indivíduo, que são responsáveis por ensiná-lo a ler e interpretar o contexto a que pertence. Ademais, as constantes informações a que os indivíduos são submetidos, contribuem para a composição de seres superficialmente intelectualizados, detentores de rasa argumentação. Característico da era digital, o exíguo conhecimento das gerações atuais é proveniente da exacerbada cobrança quantitativa do saber, afetando a capacidade de desenvolvimento intelectual dos indivíduos, por meio do enaltecimento da eficiência em memorização. Dessa forma, juntamente com a alta velocidade da propagação de dados, o indivíduo se vê cada vez mais incentivado em reter informações a propriamente conhecê-las, e aos poucos, vai perdendo sua competência em analisar a veracidade do que lhe é apresentando, tornando-se facilmente manipulável. A falta de senso crítico dos indivíduos, no entanto, é resultante da pouca qualidade de sua formação educacional, principalmente no aspecto de alfabetização, tendo em vista que sua falha gera indivíduos intitulados de analfabetos funcionais, os quais não apresentam uma capacidade de decompor fragmentos para interpretá-los. Logo, a carência de compreensão é levada pelo indivíduo até níveis superiores de formação, caráter ratificado por dados alarmantes, nos quais menos de 70% dos indivíduos graduados não apresentam leitura e escrita satisfatória, implicando na atuação de profissionais pouco qualificados e preparados para o mercado de trabalho. A instrução formal deveria capacitar o aluno para a compreensão crítica da sociedade, sendo assim, o lapso educacional em sua formação afeta seu desenvolvimento intelectual, profissional e pessoal. Nesse viés, é mister a incumbência do governo federal em promover reformas no ensino básico brasileiro, recorrendo a cursos e palestras visando à capacitação dos profissionais atuantes nessa área, juntamente com o incentivo para que mais indivíduos ingressem nas escolas, mediante a criação de novas edificações e auxílios financeiros e de transporte a famílias mais carentes. Por fim, é fundamental a atuação das escolas, aliadas às famílias, por intermédio de feiras de livros, concursos literários e oficinas de produções textuais, incitarem os alunos à leitura, com o fim de moldarem cidadãos mais sólidos, críticos e de mentes alagadas em conhecimento.