Até a Constituição de 1988, os analfabetos eram considerados incapazes de votar. Porém, hoje, em vista da redução do número de iletrados no Brasil, ainda é frequente a ausência de uma capacidade tão importante quanto a do sufrágio: a de compreensão. Nesse sentido, os analfabetos funcionais, que sabem ler e escrever, são as principais vítimas da falta de entendimento, quando relacionada à interpretação de textos e da própria realidade. Pesquisas como a Inaf, voltadas a medir os índices de analfabetismo funcional, têm verificado que por volta de 30% da população brasileira, entre 15 e 64 anos, é composto de pessoas que não demonstram proficiência na interpretação de textos ou realização de operações matemáticas complexas. Esses índices incluem indivíduos que acabaram de terminar o ensino fundamental ou que já estão em cursos superiores. Desse modo, diferentemente do analfabetismo absoluto, a baixa escolaridade não é a única causa do analfabetismo funcional, mas, sim, a qualidade precária do ensino de algumas instituições. Outrossim, o analfabetismo funcional também está associado ao pouco interesse do brasileiro pela leitura. No século XVIII, os filósofos iluministas Voltaire, Diderot e d'Alembert, criaram enciclopédias com o intuito de propagar conhecimentos até então inacessíveis à população. Contudo, no Brasil atual, diferente do que os pensadores franceses propunham, ainda é difundida a ideia de que, para ser um cidadão esclarecido, é necessário apenas saber ler e escrever, desmotivando, assim, a busca pelo conhecimento que só a leitura crítica de livros, revistas e jornais pode proporcionar. Destarte, para que o entendimento da realidade não seja ameaçado pelo analfabetismo funcional, o Ministério da Educação deve promover políticas públicas dentro das escolas que, além de motivar os professores, aumentem as competências exigidas na aprovação de alunos, entre as quais a de interpretação de textos e a realização de cálculos complexos. Ademais, o Governo Federal precisa construir bibliotecas públicas e organizar centros voltados à leitura e discussão das obras lidas, possibilitando o acesso da população à informação e o desenvolvimento da compreensão e senso crítico do indivíduo.