Os sofistas, mestres da arte de ensinar da antiguidade, tinham a visão de que para ser um verdadeiro cidadão da polis grega, era necessário saber argumentar e escrever de forma reflexiva e crítica, pois só assim, reivindicariam seus direitos na Ágora. A herança que esses pensadores deixaram, no entanto, é perdida na contemporaneidade, diante do crescente analfabetismo funcional. Esse problema, entretanto, vem prejudicando, cada vez mais, a sociedade, deixando muitas pessoas sem um olhar crítico. Destarte, o legado histórico dos sofistas é depreciado em função desse problema. É importante pontuar, de início, que nem todas as pessoas, hoje, possuem e habilidade de escrever ou saber desenvolver um texto na sua formalidade, pelo fato de não conseguirem utilizar a linguagem para suas principais funcionalidades. Segundo pesquisas desenvolvidas pelo site R7 (da rede Record de televisão), o índice de analfabetismo funcional em regiões como a do nordeste brasileiro chegou a 30,9% da população registrada, indicando que boa parte dessa população não possui habilidades de ler ou escrever de forma reflexiva, demonstrando assim, um sério problema diante dessa situação. É fundamental pontuar, ainda, que a falta de um conhecimento básico, seja de escrita ou de leitura, ou até mesmo das operações mais simples da matemática, pode trazer vários problemas. Esses problemas atingem tanto a economia do país, por causa de um mercado em busca de profissionais qualificados, como também, traz problemas sociais. Graciliano Ramos, em sua obra “Vidas Secas”, revelou esses problemas ao retratar em um dos episódios Fabiano tentando fazer uma simples conta que, não conseguindo, foi surrupiado por Tomás da Bolandeira. Logo, isso revela que o analfabetismo funcional, ainda, persiste na sociedade brasileira. Fica evidente, portanto, que o analfabetismo funcional está intrinsecamente ligado a sociedade. Para resolver esse problema, é imprescindível que o Governo e a escola, em parceria, criem projetos culturais, de modo a levar as pessoas a saberem escrever e ler com propriedade, iniciando esse projeto desde a base estudantil, ou seja, com as crianças. Além disso, devem desenvolver planos de ações para o letramento crítico da população em geral. Para isso, a mídia deve disseminar, por meios de propagandas publicitárias, a importância de um letramento crítico, além de divulgar valores culturais que envolvam essa população em um ambiente dotado de saberes. Dessa forma, a herança que os sofistas deixaram será restaurada, em um ambiente mais coeso e funcional.