No limiar da hodiernidade vivemos um grande dilema: o analfabetismo funcional no Brasil. Frente a essa realidade, a mistura dos baixos índices na educação e do analfabetismo funcional relegado à condição de colateralidade, tem todos os sinais para se tornar um dos maiores obstáculos a serem confrontados pelo Brasil no século atual. Nunca na história do País houve condições técnico científicas tão favoráveis à implantação e expansão de um ensino de qualidade. Contudo, o que se observa, é um cenário no qual os estudantes, tanto a nível médio quanto a nível superior, mal conseguem interpretar aquilo que leem. Nesse viés, segundo o Indicador de Analfabetismo Funcional (INAF), apenas 26% dos brasileiros conseguem ler e interpretar. Dessa forma, diante das ferramentas vigentes no século XXI, tal como a internet, é possível se pensar em um outro tipo de sociedade: menos abissal. Em meio a esse contexto de negligência, enquanto a educação não for tida como prioridade, os analfabetos funcionais continuarão sendo massa de manobra nas mãos de quem os representa politicamente. Nesse sentido, tendo como base os princípios da Física Clássica, quando um circuito elétrico se sobrecarrega, a primeira peça a queimar é o fusível. De forma análoga, a lógica da sociedade pós-moderna também está pautada no sacrifício dos mais fracos para sanar os interesses daqueles que detém o poder. Dessa forma, frente a esse cenário, não basta desejar ou defender propostas de mudança, pois ideias sem ação são como sonhos sem realidade: meras utopias. Parafraseando o escritor uruguaio Eduardo Galeano, a primeira condição para mudar uma realidade consiste em conhecê-la. Portanto, cabe às escolas - como formadoras de opinião - promoverem oficinas de leitura, pelo menos uma vez a cada trimestre, para engendrar no aluno o desejo de ler, e principalmente, de entender o que foi lido. Além disso, seria interessante que empresas de programação de softwares juntamente com o Governo Federal, criassem um aplicativo para download para que, através do processo de "gamification" o aluno consiga, paulatinamente, sair deste estado de inércia analfabética. Assim, outras medidas devem ser tomadas, mas, como apregoava Oscar Wilde: " o primeiro passo é o mais importante na evolução de um homem ou nação".