Título da redação:

A soberania do extraordinário

Tema de redação: A questão do analfabetismo funcional no Brasil

Redação enviada em 29/09/2017

O excepcional exercício do pensamento lógico e intelectual alicerçado nas ideias liberais e na racionalidade foi o legado cultural mais importante deixado pelos filósofos iluministas. Não é à toa que nomes como Montesquieu, Jean Jacques Rousseau e John Locke são conhecidos mundialmente. “O mais competente não discute, domina a sua ciência e cala-se”. Através de seus pensamentos, Voltaire nos mostra o tamanho incomparável da capacidade do homem em adquirir cultura e conhecimento quando se almeja construir uma sociedade em que as percepções de sabedoria e de ensino básico sejam valorizadas. Contrariamente aos princípios do “Século das Luzes”, nos deparamos com os altos e implausíveis índices de analfabetismo absoluto no Brasil, que apenas servem como esconderijo para o atual período das trevas. Quando não há regras e limites impostos pelo Estado ou pela própria comunidade local quanto à valorização do âmbito educacional, o povo acaba deixando o ensino em segundo plano. A falta de oportunidade talvez seja o argumento mais utilizado para explicar o porquê de hoje determinado indivíduo ser considerado um analfabeta. Em meio a tantas possibilidades do homem se tornar um cidadão alfabetizado e culto, ainda nos resta entender o motivo pelo qual a falta de interesse se encontra em um patamar superior à vontade de instruir-se e de tornar-se um mero conhecedor das palavras e de seus extraordinários significados. Na obra “A hora da estrela”, Clarice Lispector explora o universo paralelo e psicológico da personagem Macabéa; uma garota jovem, alienada, inconsciente e analfabeta. Trazendo os aspectos da vida decadente dessa pobre moça para o espanto atual da sociedade moderna em relação ao analfabetismo, nota-se o quanto o conhecimento e a cultura estão distantes dos indivíduos que apenas desconsideraram as oportunidades que tiveram de aprender sobre como progredir a partir das próprias dificuldades. Dessa forma, é preciso que a comunidade se una através de ONGS com o tema: “Penso, logo repenso”, em que sejam propostas aulas básicas de leitura com o intuito de contribuir para o crescimento pessoal e intelectual dos indivíduos que ainda sofrem com o analfabetismo. As famílias devem dialogar com seus filhos sobre a importância dos estudos, indicando quais são os benefícios que esse hábito trará para sua vida futura. As escolas têm de criar cartazes com imagens de indivíduos praticando atividades como a leitura, por exemplo – objetivando o ato de reflexão acerca da melhor qualidade de vida daqueles que conseguem compreender a escrita. Assim, construiremos juntos uma sociedade que conseguiu superar as indiferenças de Macabéa e que aos poucos retomará os princípios de um século brilhante fundamentado na igualdade, liberdade e fraternidade.