Título da redação:

A (ir)responsabilidade parental pelo analfabetismo funcional.

Tema de redação: A questão do analfabetismo funcional no Brasil

Redação enviada em 02/08/2017

O ensino formal no Brasil, fornecido pelas escolas, ultimamente vem dividindo espaço com a educação moral. Este fenômeno se justifica pelo fato dos pais, via de regra, delegarem a função de educar ao colégio, sobrecarregando os professores devido ao acúmulo de funções, o que acarreta em “gaps” de aprendizagem que podem tomar a forma do denominado analfabetismo funcional. Neste sentido, uma questão se sobressai: a escola é a única responsável pelo analfabetismo funcional? Conforme afirmava Durkheim, partindo de um viés funcionalista, a sociedade pode ser enxergada como um organismo vivo, sendo que cada agrupamento social deve exercer uma função para que o organismo não padeça. Assim, é esperado que os pais eduquem moralmente seus filhos, e que a escola fique encarregada apenas de ensiná-los. No momento em que os pais delegam esta função, e a escola não se adequa para atende-la, a consequência é um descompasso no funcionamento social. Desta forma, com os pais cada vez trabalhando mais e passando menos tempo com seus filhos, a negligência de afeto acaba impactando no desempenho acadêmico da criança. Portanto, a aprendizagem deve ser encarada como um fenômeno complexo e multicausal, sendo a participação parental imprescindível para sua evolução completa. Neste sentido, o analfabetismo funcional presenciado na população brasileira deve ser observado sob um prisma pluridisciplinar, analisando a responsabilidade do Estado, o qual deve impor responsabilidades legais aos pais por negligenciarem a educação de seus filhos. Pois, o ato de se preocupar com a educação não está restrito apenas ao ato de matricular o filho em uma instituição de ensino, engloba, também, acompanhar o desempenho e incentivar ao aprendizado. Por fim, conclui-se que o analfabetismo funcional não é consequência apenas de uma escolarização fraca, mas principalmente da negligência parental. Desta forma, um ambiente familiar adequado é fundamental para aprendizagem completa. O Estado, observando o melhor interesse da criança, também não pode se omitir da responsabilidade de fiscalizar uma possível negligência parental. Portanto, a responsabilidade pelo déficit de aprendizagem não deve ficar restrita ao colégio, abarcando os pais e o Estado por omissão.