Em março deste ano, mais de 87 milhões de pessoas tiveram suas informações usadas, sem consentimento, para fins político e eleitoral pela empresa Cambridge Analytica, que obteve esses dados por meio do Facebook. Essa circunstância e outras semelhantes colocaram em debate a situação da segurança de informações privadas dos usuários da internet. Isso porque, a exposição dos dados pode gerar graves consequências socioeconômicas. Empresas como o Facebook e o Google colhem todos os dias os dados de seus usuários e os vende na forma de algoritmos. Estes servem para apontar, com grande precisão, os alvos da publicidade para segmentar a distribuição das propagandas. Desta forma, os anúncios são capazes de alcançar seus potenciais consumidores de acordo com a sua preferência. Como reflexo dessa “publicidade de precisão” ou “propaganda direcionada”, houve, nos últimos anos, um crescimento expressivo nas compras via internet. Segundo pesquisas da E-commerce, só em 2017 o aumento foi de 17%. Entretanto, com o aumento das vendas, houve também uma amplificação do número de inadimplentes. Conforme a Serasa, mais de 61 milhões de brasileiros estão endividados neste ano. Além das questões econômicas, a exposição de dados também acarreta em problemas sociais. Por exemplo, o Google é capaz de rastrear 24 horas por dia os usuários, armazenar as trajetórias deles e compartilhá-las, colocando em risco a segurança física dos indivíduos, inclusive de crianças. Outro exemplo é o de diversas pessoas que tiveram fotos e conversas íntimas vazadas, devido à fragilidade da segurança de aplicativos. Depreende-se, portanto, que a questão da segurança de informações é algo muito sério, que pode resultar em graves danos à sociedade. Sendo necessário que, primeiramente, o legislativo crie um regulamento para a proteção de dados, haja vista que muitas vítimas não conseguem ressarcimento, devido à falta de leis específicas. Nesse regulamento deve ser incluída uma faixa etária mínima para o uso de cada rede social, evitando, desse modo, a exposição de crianças. Além do mais, esse regulamento precisa restringir a coleta de dados pelas empresas, que só poderão coletar aquilo que é realmente necessário para prestação do serviço.