A reforma do ensino médio em questão no Brasil tem gerado muita discussão quanto ao seu cunho segregador e retrógrado. O modelo proposto substitui o formato propedêutico pelo técnico- o que agrava um problema que a muito tempo vem sendo combatido no Brasil: a relação entre negros e brancos nas universidades brasileiras. O direcionamento proposto pelo novo plano do governo tem como principal objetivo acabar, ou minimizar, com a evasão de alunos das escolas. Entretanto, essa iniciativa desenvolve um apartheid no Brasil: os alunos com melhor condições se preparam em escolas que ofereçam ensino propedêutico e ingressão nas universidades em quanto quem têm menor condição financeira e depende do ensino público fica fadado ao ensino vocacionado. Logo, o que se evidencia é a rápida necessidade do governo brasileiro de lançar ao mercado de trabalho os jovens, em especial os mais humildes, sem deixa-lo pensar em seu futuro, afinal de contas já no primeiro ano do ensino médio devem decidir que carreira pretendem seguir. Outro ponto de extrema relevância é o formato adotado pelo “novo” projeto. Esse molde, comum ao século passado, já não é mais presente em países referência no ensino. A Finlândia- país líder quanto ao sistema educacional, durante muitos anos- adota uma redução quanto ao número de aulas e horas anualmente, cerca de 600 horas, o que contrasta com o acréscimo previsto pelo governo brasileiro de 1400 horas anualmente, com o ensino integral. Logo, nota-se uma visão retrógrada do novo sistema proposto pelo governo, que acredita que o número de aulas seja equivaler à qualidade de ensino. Em suma, as mudanças previstas pela atual reforma do ensino médio trazem mais problemas aos alunos e à sociedade do que benefícios. A reforma do ensino médio não deve lançar o aluno para o mercado de trabalho, mas, sim, proporcionar tanto a opção técnica como a propedêutica, o que amplia as opções para o futuro do aluno. É preciso que o planejamento do ensino em molde integral seja substituído por um em que a qualidade da aula seja o foco e não a sua quantidade. Deve-se disponibilizar mais tempo para o professor planejar a aula e proporcionar mais períodos de pausa para os alunos, o que proporciona maior foco ao aluno devido ao descanso extra. Além disso, para evitar a evasão escolar pode-se utilizar da criação de grupos para o desenvolvimento de múltiplas habilidades- como o futebol, arco e flecha, xadrez, música e entre outros-, estratégia presente em países como o Japão e Coréia do Sul para desenvolver a interação do aluno com o meio social e tornar a escola um espaço de concentração e não de evasão- além de poder tornar o esporte seu futuro profissional.