Ao longo do processo de formação do Brasil, até o século XX, consolidou-se a ideia de que educação é dispensável. Como meio de desintegrar essa ideologia e incentivar o desejo ao conhecimento, frequentemente o Governo propõe mudanças na educação, as quais estão intrinsecamente ligadas às camadas mais ricas da sociedade. Na medida provisória educacional requisitada pelo governo em 2016, um dos pontos torna o aprendizado de filosofia, artes e sociologia opcionais durante o ensino médio. Segundo o sociólogo Durkheim, os fatos sociais são pautados da coercitividade, onde as ações são coletivas e externas ao indivíduo. Tomando por base esse pensamento, mesmo com essas disciplinas sendo oferecidas nas escolas, os alunos deixarão de frequentar as aulas uma vez que a sociedade brasileira possui raízes históricas, desde a catequização dos ameríndios pelos jesuítas, as quais desvalorizam a cultura, o saber filosófico e o entender do meio em que vive. Nesse viés, uma população que já conhecia muito pouco a própria cultura e o meio em que vive, passará a viver alienado socialmente e culturalmente dentro do próprio país. Outrossim, é válido salientar que a implementação do ensino técnico profissionalizante gera um desnível educacional ainda maior. O filósofo iluminista Rousseau expõe que as leis são úteis aos que tem posse e nocivas aos que nada tem. Congênere a esse pensamento, a mudança e flexibilização da grade curricular afetará sobretudo as escolas de rede pública, uma vez que não terão estrutura para oferecer todos os cursos profissionalizantes, enquanto escolas particulares ofertarão todos os cursos, usando a reforma como estratégia de marketing para competir com as demais. Sendo assim, é explícito que os estudantes mais pobres enfrentarão mais dificuldades para entrar em uma universidade devido ao distanciamento educacional que se tornará ainda maior. Destarte, a reforma do ensino médio não beneficiará a todos. O Governo deve buscar a opinião da sociedade, por meio do plebiscito, sobre o que fazer para melhorar a educação brasileira sem que prejudique as massas. Além do mais, como meio de conscientização dos jovens sobre a importância da educação faz-se necessário documentários televisivos bem como a instrução dos pais, pois como dizia Paulo Freire: só a educação pode transformar o mundo.