Título da redação:

Paradoxo social: atraso e avanço na educação brasileira

Tema de redação: A questão da Reforma do Ensino Médio

Redação enviada em 06/04/2017

Um dos projetos de lei atual prevê a reforma do ensino médio a fim de flexibilizar o conteúdo ensinado nas escolas. Sendo assim, as instituições não seriam mais obrigadas a ofertar as cinco áreas do conhecimento, optando por apenas uma delas e ao mesmo tempo capacitaria o aluno para atuar no mercado de trabalho. Esse fato, apesar de auxiliar na busca de melhores oportunidades de emprego, limita o aprendizado numa fase importante para a consolidação da cidadania, o que, por sua vez, se caracteriza como um avanço somado a um atraso social. Um dos questionamentos sobre essa proposta se encontra na designação das disciplinas obrigatórias, uma vez que, algumas, como filosofia e sociologia, podem ser descartadas do itinerário acadêmico, bem como história e geografia. As ciências humanas, assim sendo, são matérias extremamente importantes para a construção do aluno enquanto cidadão crítico e engajado. Segundo o economista, Aloizio Mercadante, essas medidas vão ampliar as desigualdades na educação, pois as escolas decidiram quais matérias devem ser lecionadas, isentando as instituições governamentais, apesar de ser o dever do estado. Essa fato, portanto, acentuará os problemas sociais, sobretudo, porque, as matérias que são dadas menor importância, ensinam a compreender questões sociais e políticas. Por outro lado, a capacitação dos alunos e o seu direcionamento para o mercado de trabalho é vantajoso no sentido de ofertar mais oportunidades de emprego e retirar esses jovens das margens da sociedade. Nesse sentido, a formação de trabalhadores capacitados a fim de ocupar cargos antes defasados e movimentar a economia traz benefícios para todo o país. Essa prática, entretanto, não deve ser limitante do aprendizado amplo e do acesso universal e igualitário a uma educação de qualidade. A reforma do ensino médio, pois, gera um paradoxo quando alia uma proposta de auxílio ao estudante a conquistar o seu primeiro emprego e ao mesmo tempo limita a sua formação como cidadão. Sendo assim, a transformação no sistema de ensino público deve envolver, principalmente, priorização de matérias que vão além das áreas mais técnicas, uma melhor qualificação e remuneração dos professores e estrutura física adequada das salas de aula. Para tanto, a Sociedade Civil Organização pode intervir junto ao Governo Federal para ajustar a essa nova proposta dando obrigatoriedade às matérias essenciais, como as ciências humanas e linguagens na grade curricular, sendo as demais matérias ajustadas segundo a área de formação profissional específica. Dessa forma, é possível ofertar uma educação igualitárias e ao mesmo tempo suprir as necessidades mais específicas para a formação de um ser social completo.