A educação no Brasil a muito tempo vem sendo negligenciada, principalmente na esfera pública. A situação de grande parte dos alunos concluintes do ensino médio é simplesmente vergonhosa, isso considerando apenas as matérias de português e matemática que são básicas em qualquer área profissional. Nesse cenário, é urgente uma reforma no sistema do ensino médio para dar condições mínimas ao nosso jovem para ingressar no mercado de trabalho e ter participação ativa nas questões políticas. Atualmente o ensino médio contempla 13 disciplinas a serem aplicadas em 800 horas ao ano. Para reformular esse sistema o governo federal apresentou a Medida Provisória nº 746/16, ignorando a opinião de professores e alunos que são os principais atores do sistema de ensino. A reforma é necessária, mas o debate em como fazê-la também. Um Projeto de Lei seria o instrumento mais adequado para a democratização da mudança, pois, nele é previsto debates, votações e alterações, ou seja, é dada voz a quem realmente sabe o que é necessário para a reforma ser eficaz. A Medida Provisória traz alguns pontos positivos, como o aumento da carga horária, que pode chegar a 1400 horas de aula ao ano, e o ensino técnico profissionalizante na grade curricular. Porém, pontos apostos chamam a atenção: algumas matérias deixam simplesmente de ser obrigatórias, como História e Geografia, e a opção pelo aluno em que área do conhecimento ele deseja concluir o ensino médio. Nossos jovens, que nessa etapa estarão como seus 14, 15 anos de idade, não terão contatos com todas as disciplinas e isso não lhes darão experiência para escolher, acertadamente, uma área do conhecimento que os encaminharão para uma profissão. O ensino técnico profissionalizante inserido no ensino médio é uma prova que a reforma, se bem elaborada e amplamente discutida por diversos setores da sociedade e não imposta por meio de uma Medida Provisória, é necessária e pode dar muito certo, inclusive diminuindo drasticamente as disparidades no acesso ao conhecimento. Com o aumento da carga horária e o período escolar integral é possível manter as 13 disciplinas, isso dará um suporte melhor ao aluno na hora de optar por uma área específica do conhecimento para concluir o ensino médio. Essas áreas devem ser interdisciplinares e “conversarem entre si”. A reforma do ensino médio deve ser benéfica para alunos, professores e para o mercado de trabalho que irá receber novos profissionais. Por isso deve ser minuciosamente trabalhada nos seus detalhes para que seja agregado mais conhecimento aos nossos jovens, e não os afastando de mais disciplinas além de português e matemática.