Título da redação:

Ensino Médio

Tema de redação: A questão da Reforma do Ensino Médio

Redação enviada em 01/10/2017

A proposta de reforma do Ensino Médio traz diversas questões implícitas que necessitam de um amplo debate. Dentre as mudanças propostas, destaca-se: o aumento gradativo da carga horária, que passará de 800 horas para 1,4 mil horas; a criação de itinerários formativos, com cinco grupos de disciplinas de áreas afins; e, a base comum curricular que propõe 60% de disciplinas obrigatórias e 40% escolhidas pela própria escola. Nesse contexto, a proposta do Governo Federal seria uma maior flexibilização do ensino, objetivando a diminuição da evasão escolar. No entanto, problemas como a baixa qualidade de formação dos professores, falta de infraestrutura nas escolas e alto índice de analfabetismo funcional no país permanecem sem espaço na discussão. Cabe salientar que, o aumento da carga horária torna claro a exclusão do ensino regular de adultos inseridos no mercado de trabalho, à medida que, dificilmente, haverá jornadas de trabalho diferentes do horário comercial que possibilitem o binômio trabalho - escola para o indivíduo. Já em relação à criação de itinerários formativos, cada escola deverá escolher, pelo menos, uma área. Isso demostra que regiões mais favorecidas, provavelmente, terão condições de ofertar mais áreas de conhecimento, enquanto regiões desprovidas de recursos oferecerão apenas uma. Outro fato é que os alunos atendidos pela rede de ensino privada terão as diferentes áreas temáticas para escolher, o que lhes dá vantagem competitiva nos vestibulares em relação aos alunos provenientes de escolas públicas. Ademais, na base comum curricular, por enquanto, ficaram definidas como obrigatórias apenas as disciplinas de Português e Matemática, algumas áreas que mais fomentam discussões como a Sociologia e a Filosofia podem ficar de fora dos conteúdos propostos. Ou caso sejam de adesão facultativa nos outros 40% de composição do currículo pode ser que, por características regionais, alguns estados as mantenham e outros não, o que ampliaria as diferenças socioculturais do país. Assim, alguns alunos permanecem sem nenhum tipo de escolha e o que se vê é, somente, o fortalecimento de medidas que aumentam as desigualdades educacionais e sociais já enraizadas no Brasil.