Não é de hoje que a qualidade do ensino médio brasileiro é deficiente e refletida na grande insatisfação da população e também nas baixas notas em exames internacionais como o Pisa. Por conseguinte, existe muitas discussões sobre como melhora-la e nesse contexto, a lei da Reforma do Ensino Médio, que irá guiar o futuro do ensino médio, vai ao encontro dessas discussões, mas parece, desde o início, não considerar as estruturas físicas das escolas e de seus professores na possibilidade de atender as medidas, além de favorecer uma desigualdade na oferta educacional ao deixar verdadeiras lacunas. A lei da Reforma do Ensino Médio foi inicialmente uma medida provisória e ganhou força de lei ao ser sancionada pelo presidente Michel Temer e apresentada no Diário Oficial. Ela tem como uma de suas principais características a tentativa de generalização do ensino integral nas escolas do país. Estas, por sua vez, marcadas pela falta de recursos e com estruturas precárias, torna difícil atender seus alunos por tempo integral. Além disso, outra característica é a introdução de ensino profissionalizante para o aluno estudar mais as matérias afins da profissão que ele quer. Isto, por sua vez, tem levantado muitos debates e um de seus principais matizes é o quanto esse jovem, em torno de 14 anos, tem maturidade o suficiente para escolher a sua profissão. Além disso, e não menos importante, surge um grande paradoxo, que é como uma escola que hoje tem tanta dificuldade em ensinar o básico, poderá ensinar uma profissão. Além dessa sobrecarga para a escola, deve-se ter uma maior especificação sobre a liberdade da escola no seu planejamento curricular, o que pode gerar desigualdades na formação dos alunos devido a heterogênea formação em escolas que podem investir mais e outras que não tem recursos. Não obstante, currículo este carente de disciplinas importantes para a formação pessoal e cidadã como Filosofia e Educação Física oferecem e que a lei retirou sua obrigatoriedade. Mediante o exposto, a Lei da Reforma do Ensino Médio deveria ser extinguida pelo Poder Legislativo Federal para corrigir lacunas considerando as regionalidades e as possibilidades das escolas mais carentes para não ocasionar uma verdadeira desigualdade de itinerário escolar entre as com mais recursos e as com menos, considerar também as necessidades do jovem e garantir que este itinerário atenderá suas necessidades. Por fim, é imprescindível a educação brasileira receber recursos do Governo para suprir a demanda atual e poder melhorar sobretudo qualitativamente, só assim a população brasileira assistirá a uma verdadeira reforma na educação.