Título da redação:

A "batata quente" educacional

Tema de redação: A questão da Reforma do Ensino Médio

Redação enviada em 19/05/2017

A educação no Brasil sempre caminhou à beira do precipício da miséria. Falta de professores e de infraestrutura são apenas alguns dos problemas enfrentados rotineiramente por estudante de todo o país. Com a prerrogativa de resolver esse problema, o governo Temer lançou em 2016 a Medida Provisória (MP) de Reforma do Ensino Médio, um projeto que claramente legitimará a desigualdade educacional no Brasil. A MP almeja a flexibilização e o aumento da carga horária do currículo do Ensino Médio. Artes, Educação Física, Filosofia e Sociologia não são citadas no texto da reforma, tampouco como disciplinas obrigatórias. Além disso, é previsto que o estudante possa escolher seu itinerário educacional, baseando-se na sua escolha de profissão. Um indivíduo que pretende ser engenheiro, por exemplo, teria a liberdade de escolher as Ciências Exatas. Toda essa diversidade de caminhos torna-se uma “batata quente educacional” quando lançada nas mãos de pessoas de 16 anos — na maioria dos casos —, geralmente incertas quanto ao futuro profissional e, assim, sem as ferramentas para uma escolha sábia. Outro problema a ser gerado com a adoção dessa reforma é o aumento da desigualdade educacional no Brasil. A inclusão de ensino técnico em todas as instituições secundaristas — muitas sem condições pedagógicas e estruturais para tanto — empurrará os jovens de classe baixa para subempregos e/ou cursos de qualidade questionável, ao passo que os mais favorecidos economicamente poderão caminhar para as universidades. Dessa forma, essa medida culminará em um apartheid escolar previsto e legitimado pela legislação. A entrega da responsabilidade da escolha da educação ao próprio estudante exime o Estado do seu dever de prover ensino de qualidade à todos de forma igualitária. Cabe, portanto, que o governo, em conjunto com educadores, repense a Reforma do Ensino Médio de modo a garantir uma educação isonômica. Uma alternativa viável seria a implantação de um currículo fixo e o oferecimento de disciplinas eletivas, promovendo uma real flexibilização e não um amputamento educacional. Ademais, é importante que os estudantes sejam ouvidos e que suas opiniões possam contribuir para a construção de um sistema educacional para todos.