Título da redação:

A antirreforma do Ensino Médio

Tema de redação: A questão da Reforma do Ensino Médio

Redação enviada em 09/04/2017

Durante a ditadura militar, a alienação da sociedade iniciava-se nas escolas a partir do ensino acrítico e pela falta de horizontalização do conhecimento, algo que veio sendo desconstruído, após a redemocratização. Contudo, a atual classe política pretende retroceder o trabalho feito nas últimas três décadas através da imposição precoce de escolhas e da desobrigatoriedade de disciplinas fundamentais para o desenvolvimento humano. Uma das medidas da reforma é permitir que o estudante monte sua própria grade curricular, optando por uma das 4 áreas do conhecimento, além de formação técnica e profissional. No entanto, tal medida peca crucialmente, pois o ensino médio é a fase da vida que os estudantes mais enfrentam indecisões, fato provado pela pesquisa de Daniel Cara, mestrando de Ciências Sociais pela UFSC, que mostra que 80% dos alunos entram no ensino médio sem saber a profissão e 30% o acaba com dúvida, ou seja, fica nítido que a reforma pode aumentar a evasão escolar, pois sem alternativas para a mudança de área, o indivíduo pode vir a desistir. Além disso, a desobrigatoriedade de disciplinas fundamentais como sociologia e filosofia é um grande revés social. Tal fato é visível, uma vez que essas disciplinas têm a função de formar indivíduo mais crítico, a fim de que ele não seja facilmente influenciado por outras pessoas. Logo, a ausência dessas disciplinas pode fomentar o analfabetismo político e a exacerbação do consumismo. Ademais, somado ao desrespeito à formação crítica, houve uma priorização do mercado de trabalho e de um sistema que só enxerga o aluno como futura mão de obra, já que famílias de renda mais baixas, que são 72% da população, segundo o IBGE, vão priorizar o estudo técnico para alcançar o mercado de trabalho com mais rapidez e garantir algum tipo de renda. Enquanto isso, estudantes de renda mais alta irão optar pelo estudo de uma 4 áreas. Sendo assim, o país fica cada vez mais longe de acabar com a desigualdade social. O princípio de Paulo Freire, o qual diz só a educação pode mudar a sociedade a ponto de torná-la igual, fica ferido com a Proposta de Reforma do Ensino Médio. É necessário então, que o MEC se oponha a tal reforma com o propósito de manter a obrigatoriedade de todas disciplinas, para que o aluno tenha um campo de visão maior e mais crítico. Da mesma forma, o Governo Federal precisa dialogar com os brasileiros através de plebiscitos, e deve ver a realidade das incertezas de um adolescente de 16-17 anos. Outra medida paliativa é o poder de manifestação do povo, que deve ir a rua para mostrar descontentamento sobre a reforma, visto que 98% não a aprova, para assim, construirmos a sociedade defendida por Paulo Freire.