Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: A questão da Pichação – arte ou crime?

Redação enviada em 09/03/2017

As pinturas rupestres, datadas do período Paleolítico, ilustram a necessidade que a raça humana possui, desde de seus primórdios, de registrar seu cotidiano e sua cultura através de representações gráficas. Essa manifestação, na atualidade, porém, além de registrar aspectos da sociedade, ganhou um traço de manifestação crítica, muito presente na pichação, o que gerou debates acerca desse tema. Diante desse cenário, é essencial a não generalização e o entendimento de que, em algumas situações, a pichação deve ser compreendida e, em outras, criminalizada. Em primeiro lugar, diferentemente da grafitação, o ato de pichar não exige grande variedade de tintas e faz uso de símbolos desconhecidos pela maior parte das pessoas, e por isso, torna-se muitas vezes incompreensível para a população. Essa, por sua vez, tende a rejeitar gradativamente tal manifestação, classificando-a como feia, suja e associando-a à criminalidade. Todavia, nem toda pichação é necessariamente ligada a atos criminosos ou marcação de território por bandido, tendo em vista que muitos fazem uso da pichação como forma de protestos e crítica à realidade social na qual vive. Outro aspecto importante é que existem tipos de pichação que se baseiam apenas em frases escritas em prédios abandonados ou paredes da rua, deixando, dessa vez, a crítica explícita e compreensível aos olhos da sociedade. Há, então, uma clara manifestação de expressão e, sendo o direito de protesto consciente garantido a qualquer grupo social, a criminalização desse ato pode limitar a liberdade de expressão. Em contrapartida, existe um aspecto desse movimento deveras negativo, quando se trata da depreciação de patrimônios culturais e históricos ou propriamente da atuação de pichadores em propriedades privadas que não permitiram a efetuação do ato. Em Copacabana, a estátua de Carlos Drummond de Andrade, renomado escritor brasileiro, foi pichado e muitas vezes sofreu vandalismo. Nesse caso, a ação traz tanto uma imagem ainda mais negativa para o ato da pichação, aumentando a aversão da sociedade, quanto prejuízos diante da reforma de tais patrimônios nacionais, fazendo com que a criminalização seja necessária. O ato de rabiscar muros e prédios, portanto, pode ser considerado arte quando em forma de protesto e liberdade de expressão em locais públicos, mas como crime, ao ser realizado em patrimônios importantes para a história e cultura do país, É necessário, assim, que o Poder Legislativo retifique a lei que proíbe de forma generalizada a pichação, tendo em vista que essa pode ter diferentes motivações, e puna apenas aquele tipo que traz prejuízos econômicos e morais. Além disso, seria ideal que o próprio grupo de artistas pichadores informassem mais, através da propagandas midiáticas, as verdadeiras motivações de suas ações nas ruas, visando maior conscientização da sociedade. Dessa forma, talvez, a punição seja mais justa e a arte, melhor compreendida.