Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: A questão da Pichação – arte ou crime?

Redação enviada em 08/03/2017

A pichação no Brasil surgiu durante o regime militar, empregada como forma de manifestação política. Na década de 80 passou a adquirir significado estético, realizando uma revolução artística nas runas antigas Anglo-saxônicas, transformando- as no principal expoente do movimento. No contexto social vigente, a pichação fixou o seu significado artístico por expressar emoções e ideias, observa-se, porém, o quanto ela é rebaixada pela sociedade, por ser uma cultura de rua e representar parte da população marginalizada. É relevante abordar que a arte possui a função de colocar ideias em oposição e questionar os posicionamentos da sociedade como uma forma de protesto. A pichação é uma representação da arte urbana livre e luta por direitos, sendo um deles, o de se expressar. Ela não precisa ser valorizada como a arte que é exposta em galerias e vendida a preços imensuráveis, porque não é o seu objetivo, mas tem que ser reconhecida como forma de exteriorização dos conflitos vivenciados pela população que constantemente é oprimida. Tal realidade não deve ser segregada, pois, atacar o movimento é acometer aquele que constantemente é onerado: a juventude, principalmente a periférica. Em decorrência disso percebe-se um preconceito acerca da pichação, associada à sujeira e criminalidade, porém, o prejulgamento existente está concretizado no fato da população não apreciar a arte, ou o segmento social que a realiza? Uma artista plástica que não tem nenhuma ligação com o movimento respondeu esse questionamento, misturando apropriação, capitalismo e mercado de arte no discurso por trás de uma linha de produtos, ela criou uma fonte inspirada no estilo de grafia utilizado por diversos pichadores, e “pichou” peças de mesa de porcelana com frases retiradas dos muros de São Paulo. Ao imprimir tal linguagem sobre elementos considerados símbolos de educação, elegância e riqueza, a artista acaba por apontar tal contradição com contundência, mostrando que a pichação pode ser arte, mas só se feita pelas pessoas certas. Com essas constatações evidencia-se o teor artístico da pichação, por representar as ideologias e atuar como uma resistência de quem sofre a opressão. Dessa forma, faz-se necessário que haja uma maior divulgação sobre a sua história, evidenciando o caráter de persistência, cabe a mídia e as redes sociais essa propagação, com o objetivo de atingir todas os públicos. Também é imprescindível que o preconceito seja abandonado, sendo que uma associação entre escola e pichadores poderia difundir nos jovens a luta que existe por trás da arte, com o intuito de conscientizar as crianças e as suas famílias. Nessa conjuntura, será possível a valorização dessa forma democrática de arte brasileira.