Título da redação:

O urbano e a multiplicidade de ações

Tema de redação: A questão da Pichação – arte ou crime?

Redação enviada em 26/07/2017

Em meados da década de 1940, o Brasil presenciou notável crescimento urbano, em que se formou no interior das grandes cidades enorme diversidade de grupos sociais. Sob a perspectiva dessa dinâmica, a presença do grafite e da pichação refletem a heterogeneidade e a busca de expressão por partes dos atores metropolitanos. Nesse sentido, a discussão acerca da validade dessas práticas deve abarcar o valor artístico dos signos e performances envolvidos no ato; além da dimensão da relação do indivíduo com a cidade. No que se refere ao conceito de arte, não há um consenso e unicidade ao longo da história artística da humanidade. Dessa maneira, a arte é um retrato do processo histórico e sociológico de cada época. Desse modo, se a simetria, a proporcionalidade matemática e o resgate ao clássico estavam em consonância com as propostas renascentistas; a percepção da efervescência urbana e as contradições do espaço ganham no pixo e no grafite instrumentos de identidade e expressão. Ademais, de acordo com o pensador Walter Benjamin – as sociedades possuem a necessidade de dialogar com o meio em que vivem, experimentando as cidades de maneira a estabelecer pertencimento. Dessa forma, a arte urbana se apresenta como simbologia das metrópoles, transmitindo informações acerca das demandas sociais e do vínculo do habitante com seu espaço. O fato urbano da pichação e do grafite, portanto, deve ser compreendido sob a ótica de diversas matizes. Para tal, é necessário que os veículos informações disponibilizem outras visões sobre o tema para a população, através de reportagens que abordem a questão em toda sua complexidade, objetivando não marginalizar esses ritos. Somado a isso, com o intuito entender os códigos e valores impressos nos grafites e pixos, o poder público municipal poderia criar, associado à secretária de cultura, uma comissão multidisciplinar que esteja apta a usar essas expressões como diálogo do cidadão com a política, além de promover oficinas e debates sobre a questão.