Título da redação:

Arte Marginal(izada)

Tema de redação: A questão da Pichação – arte ou crime?

Redação enviada em 13/03/2017

Enquanto em muitos países o pixo é um estilo de grafite, no Brasil, o pixo constitui-se crime e o grafite não. A distinção entre um e outro deixa bem claro a voz que pretende calar. Imagina o que teríamos de entendimento histórico se um povo antigo tivesse apagado a forma de expressão do outro por achar-se mais evoluido uma vez que não compreendia o que o outro povo tentava dizer? Desde os primórdios, os humanos sentiram a necessidade de expressão, escreviam nas paredes das cavernas para deixarem ali suas marcas, suas histórias, assim como o pixo na sociedade atual, que é “realizada em paredes, sendo a cidade nossa caverna,” como bem disse Leminski. Passaram a utilizar tabuínhas de pedra ou madeira, folhas de papiro, tecidos, até mesmo corpos. Não importando onde ou como era feito, por desenhos ou símbolos, a intenção é sempre a mesma: comunicar. Caracterizar pixo como crime e grafite como arte é limitar o expressionismo da época. Principalmente quando não se tenta entender a mensagem e o que leva às pessoas a cometerem este delito. Voltando a citar Leminski: “o grafite está para a voz assim como o pixo está para o grito.” E bem sabemos que arte não engloba apenas o belo e compreendido. Apesar dos acontecimentos recentes que touxeram o tema à tona, ainda existe o pensamento retrógrado que a pessoa que comete este delito está praticamente destinado a seguir o mundo das drogas e do crime, como se expressão artística fosse a porta de entrada. Com um pouco de entendimento do sistema carcerário brasileiro, sabemos que a grande maioria dos que lá estão saem pior do que entraram, e muitos são os que cometeram pequenos delitos, não havendo assim uma justiça de equidade entre as diversas formas de transgressões das leis. Portanto, faz-se necessário que artistas, sociólogos, urbanistas dentre outros, tenham voz no Congresso, para mudarem esta dura realidade brasileira. A pena poderia substituir a detenção por trabalhos comunitários, para aqueles que fosse pegos, sem autorização, grafitando, sem distinção de estilos. E o governo poderia fazer parceria com escolas e influenciadores midiáticos para apresentar reflexões sobre o tema de maneira artística, no lugar da marginalização criada até então.