Título da redação:

Arranjos urbanos

Tema de redação: A questão da Pichação – arte ou crime?

Redação enviada em 21/04/2017

Arte pode ser entendida como um conjunto de arranjos que reflete o estado de espírito do autor ou contexto social no qual ele está inserido. Hoje, com a expansão das formas artísticas agregadas ao meio urbano, como a pichação, formam-se novas concepções culturais. No entanto, o próprio picho estabelece um embate ao ser considerado arte por alguns e para outros apenas uma atitude criminosa pré-estabelecida pela constituição brasileira. Ambas as visões atingem a formação cultural do país. De início, é indiscutível dizer que o homem desde a pré-história busca se expressar por meio de desenhos. A pintura rupestre é uma dessas manifestações a fim de ligar ações cotidianas do homem pré-histórico à coletividade de seu povo. Na atualidade, o picho carrega esse mesmo objetivo ao inserir no contexto social as contradições e ações rotineiras da população, buscando a reflexão e atenção do observador. Muitas vezes, ele é a única forma de acesso à arte pelo povo, visto que apenas 30% dos cidadãos brasileiros, segundo o SIPS - Sistema de Indicadores de Percepção Social, possuem acesso aos museus e centros culturais para a expansão do seu universo artístico. Entretanto, a constituição brasileira considera a pichação uma forma de destruição do patrimônio público e privado, além de causar poluição visual nos meios urbanos. Tendo em vista esse fator, o prefeito da cidade de São Paulo, João Doria, estabeleceu o projeto "Cidade Limpa", no de 2017, pintando diversos muros pichados. Porém, o picho é uma marca da cidade no exterior e peculiaridade do meio social paulista. Ao tomar essa atitude de apagar as pichações, Doria não só descaracteriza artisticamente a capital mas também ofusca aspectos únicos da população. Fica claro, portanto, que arte é expressão humana que tem a capacidade de adaptação a contextos diversos, sendo o picho uma das formas mais atuais. Para que haja uma maior compreensão acerca das pichações, O Ministério da Cultura, em parceria com pesquisadores de arte e sociólogos, deve elaborar debates e feiras culturais visando a dinamização do fazer artístico. Ademais, a mídia com novelas e programas de entretenimento precisa expor a importância das peculiaridades culturais, mostrando artistas praticantes do picho e suas visões. Por fim, o governo federal precisa rever a criminalização do ato de pichar com o objetivo de integrar a sociedade e torná-la mais tolerante aos diversos aspectos culturais e artísticos do Brasil.