Em 2017, o prefeito Dória iniciou um projeto de limpeza da cidade de São Paulo, que visaria combater toda forma de pichação. Esse ato gerou uma grande polêmica ao causar atrito entre a prefeitura e os pichadores e trouxe à tona um dilema: pichação deveria ser considerada arte ou crime? Todavia o caráter exclusivo dessa pergunta que muitos se fazem é errôneo, e a pichação mostra-se como uma simultaneidade de ambas as opções. De um lado tem-se a definifição de arte, pelo site arte.de, como qualquer criação do ser humano que expresse uma visão e abordagem do mundo. Do outro, temos jovens pichadores, a maioria da periferia, (fato comprovado por uma pesquisa da USP com 32 pichadores que provaram virem do mesmo ambiente) cansados de injustiças e da desigualdade existente no país. Diante de das afirmações apresentadas, é possível comprovar que a pichação é arte, já que através delas, os jovens provindos de áreas carentes encontram uma forma de expressarem as injustiças pelas quais são submetidos, usando a liberdade de expressão como uma arma para atingir os poderes governamentais, que muitas vezes não dão devida atenção à necessidade dessas pessoas. Todavia, a pichação, em alguns casos, ultrapassa o limiar da liberdade de expressão, e passa então a ser vista como crime. Isso pode ser constatado pelo fato de que muitas obras de pichação são feitas em patrimônios públicos. Assim, ao atingirem obras construídas com a arrecadação de impostos do povo, os pichadores mostram-se contraditórios, vandalizando aquilo que foi construído com o dinheiro do seu país. Ademais, na maior parte das vezes, eles possuem como alvo propriedades, de modo a danificarem a pintura do local e causarem prejuízos aos donos do mesmo. A partir desse ponto de vista, temos os critérios que levaram a formação de uma lei que classifica a pichação com atentado contra justiça, sob a pena de multa e aprisionamento. Em síntese, a pichação pode ser considerada simultaneamente arte, por expressar visões de mundo, e crime, já que muitas vezes torna-se vandalismo. Diante disso, é necessário combater a origem do problema: a desigualdade social. Assim, é preciso que a prefeitura invista uma parcela maior do dinheiro público nas áreas mais pobres, de modo a melhorar escolas públicas, garantir saneamento básico e fornecer cursos especializantes, como uma forma de gerar emprego e acabar com a desigualdade. Desse modo, não haverá mais necessidade do pichadores lutarem por seus direitos