Título da redação:

A voz dos muros

Tema de redação: A questão da Pichação – arte ou crime?

Redação enviada em 14/07/2018

Marcel Duchamp, artista renomado do século XX, expôs um urinol no museu de Nova York, sob a denominação de "Fonte". O mictório de porcelana do Dadaísta Duchamp causa questionamentos ainda na hodiernidade, a idéia principal era fugir das imposições artísticas clássicas e manifestar sua própria arte, analogamente, discussões sobre o "pixo" na contemporaneidade tem caído novamente no pecado que é padronizar algo que é relativo, um manifesto ao ar livre. Nesse contexto, surgem como principais agravantes dessa problemática a banalização da formação de um senso artístico sensível, além do não reconhecimento do caráter de protesto que a arte contemporânea traz consigo. Precipuamente, emerge a problemática da escolarização nacional e o descaso quanto ao contato entre alunos e arte. Nesse ínterim, o surgimento de performistas como Marina Abramovic e as vanguardas têm causado estranhamento. Isso se deve, principalmente, a falta de informação precoce a respeito do assunto que faz nascer a idéia de que a arte deve seguir determinadas regras estéticas, similarmente, o pixo é uma arte de rua e faz jus ao contexto no qual se insere, a disputa por espaços em muros, muitas vezes particulares, e as letras assimétricas causam impacto, desconforto e estranhamento provocados principalmente pela falta de repertório social que limita o olhar e a percepção de uma mensagem. Ora, a não exploração do conceito de arte desde a infância perpetua a transformação de formas artísticas em fôrmas artísticas. Outrossim, o não reconhecimento do importante caráter expressionista e o discurso por trás de determinada obra causa confusão. O canal no Youtube, "Vivi eu vi" que trata sobre esse mundo das obras, recebeu o escritor Marcelo Mesquita diretor do documentário "Cidade cinza", que disse que o pixo nasceu inicialmente na periferia de Nova York, onde jovens periféricos marcavam o metrô que cruzava os bairros nobres e levava seus nomes consigo. Nesse sentido é necessário entender que a arte é, sobretudo, uma manifestação, é o controverso direito a liberdade de expressão, que vêm sendo sistematizado para se adequar ao que agrada os olhos, o pixo não é uma arte confortável, é a voz do artista ecoando, é o protesto daqueles que não são vistos pela sociedade, diante disso, ganham voz nos muros das cidades, provando, assim, que Aristóteles estava certo ao afirmar que o homem é uma animal político e social, já que, nada é mais social do que a exteriorização de um sentimento. Urge, portanto, que medidas sejam tomadas para sanar os problemas supracitados. É necessário que seja trabalhado a arte bem como o respeito as variedades artísticas nas escolas de forma a transcender a disciplina curricular e criar jovens letrados na capacidade de analisar toda e qualquer manifestação desse tipo, para isso, a visitação a museus, centros históricos, documentários sobre história da arte, artistas, além de filmes como "Cidade cinza" e "O deserto da arte proibida", podem suscitar nos alunos o amor pelo tema, tais medidas devem ser tomadas pelo Ministério da Educação em consonância com o apoio fiscal da lei Rouanet que seria real sinônimo de apoio a cultura, finalidade para a qual foi criada, se apoiasse medidas como as citadas acima, pois faria da sociedade um solo fértil e receptivo para a diversidade. Tais providências transformariam o pensamento da sociedade tupiniquim, garantindo um cenário onde o pixo e Duchamp são acolhidos com amor e reconhecimento.