Ainda que haja o mito de que o brasileiro goste de trabalhar pouco, a carga horária semanal do país é uma das maiores no mundo. Logo, em detrimento de uma jornada que ao final dos cinco dias úteis resulta em 40 horas, a maior parte do tempo cotidiano do trabalhador é direcionada a execução de sua atividade remunerada, sendo o lazer e o descanso deixados em segundo plano. Desse modo, diminuí-la acarretaria uma série de benefícios sociais. A fim de atenuar as mazelas aos norte-americanos obtidas com a Crise de 1929 ao instituir padrões que privilegiem a saúde, a educação e a habitação, ambos dignos; criou-se um Estado assistencialista promotor do welfare state - estado de bem-estar social. Em consonância, e no século XXI, há a França famosa por promover uma flexibilização e redução das horas no trabalho. Com isso, proporcionou não só o aumento produtivo como também a melhoria na qualidade de vida de sua população. Decerto, no Brasil, tais mudanças se expressariam a partir do decréscimo na jornada. Nesse contexto, a proposta de reformulação da legislação trabalhista, modernizando-a de acordo com os parâmetros globais, em parte representa um significativo avanço social. Visto que, ao proporcionar por meio de acordos coletivos, sob a assistência sindical, o ajuste e a redistribuição do total de horas a se cumprir semanalmente, proporciona-se ao trabalhador autonomia e inclusão participativa no mercado de trabalho. Todavia, ao aumentar em número a jornada, retrocede, negligenciando o aspecto humano, o descanso e o lazer. A diminuição da carga horária no processo empregatício é, portanto, a melhor alternativa a fim de se manter o equilíbrio social. Com isso, cabe ao Estado tendo por base o sucesso francês, modernizar a legislação trabalhista, privilegiando a promoção do bem-estar do empregado. Além é claro, que as empresas criem reuniões coletivas periódicas, a fim de direcionar medidas para atender às reivindicações de seus funcionários. Sem dúvida, assim será possível que uma proposta do século passado, vigore e se consolide no presente.