Historicamente o trabalho sofreu uma série de transformações, e em cada época, o contexto permitiu enxergá-lo por outro ângulo. Durante a Revolução Industrial, o empregado era visto como apenas uma peça da indústria e, portanto, tinha-se que explorá-lo ao máximo para se produzir mais. Era a época das grandes jornadas de trabalho. Com o passar do tempo, novas visões permitiram perceber a importância da redução dessa jornada. A evolução do trabalho possibilitou o aprimoramento da legislação, visando proteger o trabalhador da arcaica exploração patronal. Porém, o empresariado -em especial no Brasil- sempre enxergou essa evolução como uma redução de lucros, e vem lutando para a flexibilização da jornada, que é de 44 horas semanais em nosso país. Nesse sentido, acordos prévios feitos com sindicatos e governo permitiriam aumentar ou diminuir a jornada de trabalho, de acordo com a situação, a exemplo da França. Apesar de a França ser um modelo de bem-estar social, seu exemplo não serve para o Brasil -onde as normas devem ser rígidas para que os patrões não possam burlá-las com tanta facilidade-. Além disso, os franceses trabalham apenas 35 horas semanais, enquanto um brasileiro trabalha até 60 horas por semana, fazendo horas extras para manter o emprego e bicos temporários para sobreviver, segundo Giuseppina De Grazia -doutora em sociologia pela USP (Universidade de São Paulo) e professora aposentada da UFF (Universidade Federal Fluminense)-. Por outro lado, a redução da jornada de trabalho – que além de representar a evolução trabalhista, não ocorre desde 1988- é uma solução para diminuir a exploração do trabalhador e permitir que o brasileiro tenha mais tempo livre. Mesmo que o empresariado não se importe com o bem-estar das pessoas, essa redução (além de melhorar a saúde do empregado) permite diminuir as faltas e aumentar a produtividade, como mostra o exemplo da Suécia, que reduziu de 8 para 6 horas a jornada semanal. Na linguagem empresarial, isso permite aumentar o lucro.