A duração da jornada de trabalho sempre figurou como um relevante tema de discussão nas relações trabalhistas. Os empregadores, motivados pela insaciável busca pelo lucro, defendem o aumento do tempo dedicado ao trabalho, já os trabalhadores lutam por uma redução desse período. Historicamente, esse embate vem sendo vencido pelos trabalhadores, que conseguiram mudar um quadro que, no início do século vinte, apresentava jornadas desumanas de até doze horas de trabalho diário, para o atual turno de oito horas, previsto na Constituição Federal de 1988. Atualmente, após 28 anos das últimas mudanças referentes a esse assunto no Brasil, alguns fatores têm trazido a questão novamente à tona, apontando para a necessidade de uma nova redução, são eles: o aumento do tempo de deslocamento casa-trabalho das pessoas e os baixos salários pagos aos trabalhadores. O grande crescimento das cidades ao longo dos anos fez com que aumentasse o tempo gasto pelos trabalhadores brasileiros para se deslocarem de suas respectivas casas até o local de trabalho, e esse período, apesar de não remunerado, impacta no equilíbrio das horas de descanso e lazer idealizadas quando foi instituída a jornada de 8 horas diárias e 44 horas semanais. Somado a isso, está o fato de que, em decorrência dos baixos salários oferecidos pelo mercado, muitas pessoas complementam sua renda pelo exercício de mais de uma atividade laboral, essa situação faz com que muitos trabalhadores continuem, na prática, com o mínimo de tempo livre e tão sobrecarregados e explorados quanto costumavam ser no início da revolução industrial. Outrossim, é preciso ressaltar os benefícios que a redução da jornada de trabalho pode trazer para os trabalhadores. Com um maior tempo livre as pessoas são mais felizes, menos estressadas, mais produtivas, tem mais tempo para cuidar de si mesmas, resultando em uma melhor condição de saúde, e estão mais disponíveis para realização de tarefas não ligadas ao trabalho, o que reduz o número de faltas. Todas essas melhorias foram constatadas pelo Governo sueco, que começou, em 2015, a reduzir a jornada de trabalho de 8 para 6 horas diárias. Tendo em vista o que foi exposto, percebe-se que a diminuição da jornada de trabalho traz benefícios tanto para a população quanto para o mercado. A questão relevante para a solução da discussão é a produtividade, e está claro que trabalhadores infelizes e explorados não podem apresentar níveis satisfatórios de desempenho. Sendo assim, cabe às centrais sindicais lutar por essa causa e, juntamente com as autoridades públicas, combater as pretensões capitalistas dos empregadores por meio de mudanças na atuai redação constitucional que diz respeito ao tema.