A duração da jornada de trabalho foi motivo das maiores transformações da sociedade moderna. A oposição do capitalismo e do socialismo na Guerra-fria, que durou praticamente todo o século XX, foi gerada pela insatisfação dos trabalhadores com a super-exploração. No Brasil, o aumento da jornada de trabalho tem ganhado força com a atual crise pela qual o país passa. Esse aumento é visto como a solução para a crise, mas será essa a saída? Primeiramente, a exploração do trabalhador remonta à primeira Revolução Industrial no século XVIII, na Inglaterra. A partir do cercamento dos campos e a expulsão dos trabalhadores rurais para as cidades, a mão-de-obra se tornou abundante e barata, o que permitiu a exploração. Esses trabalhadores não possuíam nenhum direito, trabalhavam exaustivamente e ganhavam salários ínfimos para garantir os imensos lucros do capitalista. Além disso, essa exploração provocou uma degradação das cidades inglesas. Os índices de criminalidade aumentaram absurdamente, desigualdade social se aprofundou ainda mais e a economia estagnou, pois os trabalhadores não podiam consumir produtos com seus míseros salários. Assim, ao se diminuir a jornada de trabalho a qualidade de vida dos trabalhadores melhora, uma vez que tem mais tempo de lazer e podem consumir mais, contribuindo para a economia do país. Um exemplo dessa prática é a Suécia e seu Estado de bem-estar social. Assim sendo, torna-se evidente que a resposta para a crise não é o aumento da jornada de trabalho, portanto, cabe ao Estado brasileiro oferecer uma infraestrutura de trabalho de qualidade propícia para a realização da tarefa. Cabe também, às prefeituras, transportes públicos de qualidade para diminuir o tempo de trajeto para o trabalho e o livre acesso do trabalhador pela cidade durante seu tempo de lazer, de forma a incentivar o consumo. Com essas medidas, a qualidade do serviço melhorará e o consumo aumentará, fazendo girar a economia e permitindo a saída da crise.